Lilia Boabaid Ribeiro, minha mãe!

Hoje mais que os outros dias, acordei com Saudades de você, do cheiro de tudo que tinha em teu quarto, da colônia matinal, que de longe eu sentia, e agora que de tanta saudade fui capaz de sentir. Do toque de tuas mãos a pentear meus cabelos, de teu olhar doce e sereno para mim, ao falar-me como seria o meu dia.

Sinto que hoje sou mais dependente de você do que naquela época de minha vida, não falo de dependência material, não falo de dependência de coisas, falo de dependência sentimental, de abstrato, do calor de teu afago, do teu amor, mesmo de seu jeito, da energia positiva de tua presença, e da minha certeza de que se nada desse certo ao longo de meu dia, no final tinha teu colo para consolar-me e tu vinhas como uma fada, a dizer-me "Amanhã tudo vai dar certo"

Lilia, sinto teu Espirito ao meu lado em todos os momentos de minha vida, a velar por mim. Quantas Saudades Lilia Boabaid Ribeiro, minha mãe!

Por que Deus permite

que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite,

é tempo sem hora,

Por que Deus se lembra

- mistério profundo -

de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,

baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,

mãe ficará sempre

junto de seu filho

e ele, velho embora,

será pequenino

feito grão de milho.

(Carlos Drummond de Andrade)