ALTER DO CHÃO - SANTARÉM - PARÁ - BRASIL

A manhã é bela, Oh! Alter eterna
Que vem e que vai, beleza audaz! Nunca se desfaz.
És pequena, és morena, és Alter do chão,
És vida, és ação, Alter do meu coração!
Ser chão é ser terra, é ter poder, é ser materna!
É vir e não voltar; é se reencontrar.
Da infância no amor, na velhice, a dor,
Palco iluminado de auxílio redentor.
Na grandeza do teu amor, afoga-se a minha dor,
No calor do teu abraço, Alter, eu me desfaço.
Alter do meu amor, Alter de muito calor,
A todos vem receber, a todos engrandecer.
Povo humilde, gente nossa, a simplicidade, a alegria,
No verde a harmonia, na hospitalidade, a felicidade.
És mais alto que chão, do chão vais ao alto,
És a plataforma deste planalto, quero dar este salto.
Olhando jaci, jaci a brilhar, Oh! Lua linda a me conquistar,
Vem a meu peito afagar, trazendo à lume, meu lindo tamba-tajá.
No começo, na foz, estamos nós
Todos nós nas tuas águas, Oh! Tapajós!
Rogo ao pai iluminado, que abençoe teus filhos,
Trazendo luz e amor a todos com muito fervor.
Um beijo, meu amor, que a todos abarque com calor,
Com muito amor, muito amor, muito amor...

 
Autor do poema: Marcelino Frota Vieira.
Revisor e co-autor: Autista.       
 
PS: Agradecimento especial ao preclaro amigo Marcelino Frota Vieira, policiólogo, jurisconsulto, “workaholic”, e nas poucos momentos de folga, um poeta nato. Um grande homem, decente, honesto e companheiro, arraigado aos valores morais e éticos e com quem tive a honra de dividir momentos de criação literária.  
 
 
Glossário:
 
JACI: Palavra oriunda do tupi îasy, que significa "lua". Jaci é a deusa da Lua na mitologia Tupi. Protetora dos amantes e da reprodução. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jaci).
TAMBA-TAJÁ: Na tribo Macuxi havia um índio forte e muito inteligente. Um dia ele se apaixonou por uma bela índia de sua aldeia. Casaram-se logo depois e viviam muito felizes, até que um dia a índia ficou gravemente doente e paralítica. O índio Macuxi, para não se separar de sua amada, teceu uma tipóia e amarrou a índia à sua costa, levando-a para todos os lugares em que andava. Certo dia, porém, o índio sentiu que sua carga estava mais pesada que o normal e, qual não foi sua tristeza, quando desamarrou a tipóia e constatou que a sua esposa tão querida estava morta. O índio foi à floresta e cavou um buraco à beira de um igarapé. Enterrou-se junto com a índia, pois para ele não havia mais razão para continuar vivendo. Algumas luas se passaram. Chegou a lua cheia e naquele mesmo local começou a brotar na terra uma graciosa planta, espécie totalmente diferente e desconhecida de todos os índios Macuxis. Era a TAMBA-TAJÁ, planta de folhas triangulares, de cor verde escura, trazendo em seu verso uma outra folha de tamanho reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão genital feminino. A união das duas folhas simboliza o grande amor existente entre o casal da tribo Macuxi. O caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo a ela poderes místicos. Se, por exemplo, em uma determinada casa a planta crescer viçosa com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é sinal que existe muito amor naquela casa. Mas se nas folhas grandes não existirem as pequeninas, não há amor naquele lar. Também se a planta apresenta mais de uma folhinha em seu verso, acredita-se então que existe infidelidade entre o casal. De qualquer modo, vale a pena cultivar em casa um pezinho de TAMBA-TAJÁ. (Fonte: http://www.cdpara.pa.gov.br/tamba.php).