Uma Criança os Guiará

...."... e uma criança os guiará."

~ Isaías, 11:6.

"Todos os seus filhos serão ensinados pelo Senhor, e grande será a paz de suas crianças."

~ Isaías, 54:13.

Acredito, de todo coração, que pouco deixamos nos conduzir pela criança que habita em nós.

A inspiração a que Michael Jackson sempre se referia, captava da pureza, da inocência das crianças.

Energia que percorria a totalidade do que ele era, com toda a permissão, com toda a liberdade. Intensamente... mas com muita naturalidade.

Sua aptidão para lidar bem com os pequenos de várias idades não é algo tão comum de se encontrar. Nem tão simples assim de compreender.

Infelizmente, o afã social de traduzir suas ações e comportamento, seja dentro de trabalhos da imprensa ou não, invariavelmente, errava o alvo. Equivocadamente colocado como um "infantilóide" do cenário musical popular ou de conduta duvidosa. Sendo mais precisa, leio e escuto isso até hoje. De muita gente inteligente, inclusive do meio musical.

A pressa. Sempre a pressa do ser humano de ter algum ponto de vista pronto sobre alguma coisa ou alguém. Como que um texto acabado para o debate.

Até aí, seria razoável. Acho preocupante e nocivo é não nos abrirmos para um tempo maior, para que haja um conhecimento um pouquinho mais amplo. Não custa nada contestar o velho clichê: "a primeira impressão é a que fica".

A segunda, terceira, décima impressão pode ter muito mais valor.

A chance que muitos deixaram de dar à própria boa vontade, gerou inúmeras consequências desastrosas. Para a vida pessoal e profissional de Michael. Causou dor, raiva, mágoa... muito sofrimento.

Praticada por questões triviais de qualquer conversa de esquina ou por se relacionar à concorrência, a um mercado competitivo e agressivo, a intolerância prejudica. Não há como se contestar. Fere, maltrata, deixa marcas até o fim da vida. Quando o início do fio do constrangimento, do linchamento, é puxado, muitos são os interessados em dar o seu 'chute', sua repugnante contribuição.

Michael Jackson mergulhava em seus conflitos e emergia, desde sempre.

Tanto quanto muitos de nós, ele sabia estar no mundo adulto de compromissos e responsabilidades. De rotinas árduas de trabalho e paternidade. De romances bem e malsucedidos.

Errava, acertava, sofria, recebia glórias... vivia.

Mas na intimidade da sua obra, era a criança que canalizava a energia da natureza da vida, com todo o despudor. Em todo seu esplendor.

O poder sonhador e criativo, ilimitado e iluminado de Michael, a meu ver, vinha exatamente do contato permanente e aberto com seu espírito inocente, quase intocado.

O que ele soube preservar desta porção, não conhecia barreiras e o atravessava... saltando, com o brilho mais lindo que já vi, através de seus olhos, sua voz, do ritmo de seu corpo, das letras de suas canções, de seu caráter gentil, generoso, solidário, de um verdadeiro cuidador.

Toda criança que se aproximou dele, o apreciou de alguma forma. Sentiu facilidade na aproximação e na comunicação.

É absolutamente tocante ver crianças pelo mundo todo, passado mais de meio século de seu nascimento, repetindo tudo o que ele fez como artista.

Muitas coisas me refazem a cada dia. Esta é uma delas.

Michael brilha mais do que nunca.

That's for all time.