A Drummond, O Poeta se Foi

DRUMMOND

POETA SE FOI

E agora Drummond

Você não escreve mais

Você não fala mais,

Não sente mais frio

Para você o dia, o sol

Já não brilha mais

Tudo é noite

Tudo é silêncio

E agora Drummond

A vida mofou

O sonho acabou

E tudo acabou

A luz que brilhava

Em teus olhos

Já não podemos ver

Seu brilho

E agora Drummond

Só saudade restou.

Teu livro que ficou inacabado

As folhas que errou

Todas jogadas no canto da biblioteca

Todas amassadas.

Sua caneta que foi

Companheira de todas as horas

Hoje está esquecida

Teus óculos empoeirados

Sujo pelo tempo

Hoje não tem utilidades.

Sua cadeira de balanço

Já não balança mais

Já não range mais

É Drummond

Se você voltasse

Se você pudesse falar

Se você ouvisse,

Se você chorasse

Mas você não volta

Você não fala

Você não ouve

Você não chora mais

Nos choramos por você

Choramos a tua dor

Tua ausência

Choramos tua partida

E agora Drummond

Seu tempo que foi presente

Hoje passado que gostamos

De recordar com carinho

Todos que foram seus amigos

Lamentam tua falta

Todos que não foram seus amigos

Gostariam de ter sido

Seus melhores amigos,

Mas o dia acabou

Veio a noite

E com ela a agonia

De não amanhecer

Agora sós saudades ficaram

Você nasceu

Viveu e aprendeu

Com o livro da vida

Que sempre esteve aberto

Pra você

Ensinou o que devia ensinar

Escreveu tudo que teus

Sentimentos tinham de mais lindo

Agora descansa em paz

Na terra não tinha mais

Nada para aprender nem ensinar

Você viveu

Você chorou, foi homem

Já mais será esquecido

O poeta se foi

O poeta cansou

O poeta morreu

Mas seus gestos

Tuas palavras jamais serão esquecidas

E a vida acabou

É Drummond

A vida acabou.

Homenagem de seu inesquecível amigo

José

Caio Martins

07/03/88

Caio Martins
Enviado por Caio Martins em 31/10/2012
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