Porque não gosto do Dia das Mulheres

Mais um dia das mulheres. No trabalho os homens chegam com aqueles sorrisos marotos, seguidos de um abraço ou aperto de mão. Uns arriscam até mandar mensagens por e-mail, exaltando a figura feminina.

Por que será que esse dia é tão irritante? Será que é pela reflexão vazia que deixa no ar? O quê representa a frase “feliz dia das mulheres”? Ok, talvez não passe de mais um clichê utilizado socialmente, tipo daqueles que a gente repete sem muita convicção ou interesse.

Existe uma verdade que incomoda nesse dia. Se a mulher ocupasse um lugar já consolidado na cultura ocidental, talvez não precisasse de um dia para ser lembrada. A cada dia os papéis femininos são modificados (ou acrescentados?), de forma que não há como definir o motivo da comemoração. Estamos celebrando as mulheres ou os papéis que elas ocupam? Atribuímos as características de feminilidade, sensibilidade e maternidade às mulheres, mas será que em pleno século XXI, essas palavras representam o sentido de ser mulher?

Esse é o tipo de conflito que as datas comemorativas causam. Elas não celebram o ser em sua plenitude, mas apenas os atributos agradáveis daquele ser. Hoje nós somos confrontados com uma mulher que precisa se masculinizar para se estabelecer nos diferentes espaços. Isso demonstra que ainda falta uma identidade própria a esse gênero.

Se ainda não estamos satisfeitas com o espaço que ocupamos, o que estamos comerando?