Minha mãe - meu maior exemplo

Minha mãe foi uma mulher muito guerreira. Casou-se cedo, dedicou a vida a seu esposo e aos filhos. Segundo relatou, quando se casou com meu pai o que possuíam era uma rede, uma lata de feijão e um pote. Passou pela dor de 17 partos, desses apenas o último numa maternidade, na Capital. Houve caso de num ano só dar à luz duas vezes.

Do pouco que sei, a vida naquela época, no interior, era precária, as coisas muito difíceis. A dificuldade era não ter nem um sabão para lavar os paninhos dos meninos. Meu pai saía para trabalhar (naquele tempo era agricultor) mas o que ganhava não era o bastante. Tirava da terra o nosso alimento. Depois veio para a cidade trabalhar como pedreiro e ficávamos com a nossa mãe, aguardando sua volta a cada 15 dias.

Após a morte da minha avó materna, vencendo seu medo da cidade, minha mãe resolveu acompanhar meu pai. Eu tinha uns cinco anos de idade quando chegamos na capital cearense.

Ela suportou arduamente o que a vida lhe propôs e durante os 54 anos que viveu carregou resignada o que julgou ser o seu destino. E, apesar dos infortúnios por que passara, não quis que a infelicidade a dominasse. Sabiamente aproveitou cada instante que podia ser dito feliz, deu muitas risadas gostosas, fez muita piada, e conquistou muitos amigos.

O que eu tenho aprendido da vida, espelhando-me no modelo que tive, é que eu posso superar as dificuldades, posso vencer a cada dia se eu tiver coragem e enfrentar meus problemas. Só não há jeito pra morte, isso aprendi na realidade cruel, ao ver partir a minha mãe.

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Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 15/01/2013
Reeditado em 08/04/2019
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