Duas almas 
 
Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada, 
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho: 
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho, 
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada...

A neve anda a branquear, lividamente, a estrada, 
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho, 
Entra, ao menos até que as curvas do caminho 
Se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa, 
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua, 
Podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha. 
Há de ficar comigo uma saudade tua... 
Hás de levar contigo uma saudade minha...
 


(Transcrevo  aqui esta linda poesia, escrita  por  Alceu  Wamosy,  talentoso  poeta, que viveu  no  início do  século XX, o qual muito admiro.)
Alceu Wamosy
Enviado por Rosa Raia em 24/03/2013
Código do texto: T4205346
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