O CAÇADOR E O DOUTOR...

... Certo dia ao entardecer,

eu estava a meditar,

da janela do meu quarto,

vi um pássaro cantar!...

Era um canto de alegria,

de doce e terna melodia,

feliz porque podia,

seus filhotes alimentar!

Saí bem devagarinho,

e na árvore eu subi,

fiquei muito emocionada

com o quadro que eu vi!...

Dois filhotes de bico aberto,

tendo a mãe ali por perto,

esperando o alimento certo,

do seu pai, o BEM-TE-VI !

Entendi naquela hora

o que é a natureza.

Vendo um ninho tão perfeito,

senti na alma uma tristeza!

E me ocorreu em um segundo,

ainda tem gente neste mundo

esquecendo o ser profundo

que criou tanta beleza!

De repente eu ouvi

um disparo de espingarda.

Pensei logo no pior,

e fiquei a esperar...

Quando um homem ali chegou,

e disse: eu sou um caçador,

me responda por favor,

onde eu posso pernoitar!

... me disse: eu moro longe,

fico, hoje, por aqui.

Tenho caça pra comida,

Dê-me de um canto pra dormir!

Se você me der pousada,

me levar pra sua morada,

fico até a madrugada,

cedo... cedo vou partir!

Vendo aquele homem frio,

com o bisaco ensanguentado,

não sabia que ele tinha

um bem-te-vi ali caçado,

que deixou dois filhotinhos,

órfaos, tristes, em um ninho,

sem saber que seu destino

já estava ali traçado!

Disse: certo, meu amigo.

Você pode escolher.

Tem duas camas de solteiro,

uma serve pra você...

Meus filhos dormem comigo,

no meu peito, a saudade é um castigo,

da mãe deles que partiu pro paraíso,

levando minha alegria de viver!

Um dia minha mulher adoeceu,

mas não sentia nenhuma dor.

De repente, sem motivo, ela morreu,

sem a explicação de um doutor.

Com dois filhos, estou aqui,

qual aquele pobre bem-te-vi

Que eu ainda não entendi

Po que o senhor o matou!

É triste para um homem

criar seus filhos sozinho,

muito triste também é

para um pobre passarinho

que perdeu um companheiro,

deixando filhotes em desespero,

às vezes, até o dia ineiro,

esperando aconchego em um ninho!

No rosto daquele homem,

uma lágrima eu vi rolar.

Ficou triste com a minha história,

disse: eu vou lhe ajudar.

Prometo nesse instante,

da natureza vou ser amante,

e de hoje em diante,

Nunca mais eu vou caçar!i!

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À minha prima Cristina Almeida

que morreu aos 35 anos, em decorrência de um erro médico,

no dia 02/04/2001.

Geneci Almeida

12/04/13

Geneci Almeida
Enviado por Geneci Almeida em 12/04/2013
Reeditado em 12/04/2013
Código do texto: T4237065
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