MEU PAI

Ao meu pai, Edgard, in memoriam

no dia do seu aniversário.

Eu não tinha um rosto.

Você me deu.

Eu não tinha pensamentos.

Você me deu.

Deu-me o sangue nas veias,

a luz dos olhos...

para poder enxergar a luz do sol

e as estrelas de Deus.

Muito do meu deus você foi.

Você continua sendo...

Teu chapéu cortando a linha do horizonte,

teus sonhos espargindo no ar o perfume da esperança,

tua sabedoria fazendo eu despencar

dos meus pressupostos púlpitos...

Ah, quanta coisa você me deu,

me ensinou,

deixou aqui dentro do coração o signo da vida,

eternizado como Deus eternizou

a cor e o perfume em todas as flores.

Imensa saudade de ti,

quando passam os dias sobre a Terra

e ficamos cada vez mais próximos um do outro

na serenidade das coisas eternas

quando inevitável, aguardado

e abençoado

se faz sempre o reencontro.

(Lúcia, 24 de abril de 2013)

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