O DIA DOS NAMORADOS

O DIA DOS NAMORADOS.

Vou contar uma estória que para muitos pode parecer peculiar. Certa noite em uma rua estreita de casas antigas, conheci uma garota. A primeira vista, não se encaixava muito em meu perfil quase nada romântico e um pouco cético, contudo, estava sozinho e a procura de alguém para me divertir, não necessariamente para me relacionar afetivamente. Havia uma singela diferença entre as pessoas que eu conhecia e o ciclo de amizade dela, mas, tinha alguma coisa em comum. Ela estava vestida de branco e com um perfume que deixava sua marca a centenas de metros a seu redor, tinha em seu olhar uma doçura inexplicável, que, se fixasse em direção a outros olhos, seria quase impossível olhar para outra coisa. Seus longos cabelos caindo por seu corpo, lembrava um bichinho de pelúcia tão adorado pelas crianças, e, realmente, o que mais me chamou a atenção foi a elegância em suas atitudes: Seus gestos, seu andar, seu estacionar eram muito sensuais, e eu ficava roendo em poder tocar aquele “rabo”, que era de enlouquecer.

Eu, por outra parte, era meio largadão, meio solitário e um tanto desestimulado a assumir companhias que me fizessem mudar o comportamento habitual. Definitivamente não estava disposta a entrar em dilemas como “DR”, ciúmes, pocessividade e outros problemas que vem de brinde em qualquer namoro. Tinha muitas manias e apenas um único par de sapatos, não trocava meus amigos por nada, não tinha hora pra chegar, e ainda frequentava baladas na condição de penetra. Nada condizia com o estilo sensato e educado daquela que tentava me conhecer melhor. Pois bem, convidei-a para sair, já imaginando que seria uma noite de diversão e sexo, apenas isto. Percebi que o que havia de comum entre nós, era o gosto pelas boas músicas, um bom vinho e aqueles deliciosos queijos de uma casa italiana. Os queijos, no entanto, era nossa maior afinidade, quem diria que com tantas diferenças de comportamento, o queijo seria nosso catalizador. Foram vários tipos: os mofados, os mais molinho e delicados, os de capa dura e os apimentados. Surgia nesse momento, o primeiro beijo. Eu adoro pimenta e ela não suporta, tentei persuadi-la a experimentar suavemente o fundo de pimenta que ficara em minha língua após comer a iguaria, ela topou. Foi um álibi e tanto, uma jogada de mestre, era como eu me julgava em relação ao sexo oposto. Estava me sentindo um perfeito conquistador, embora barato, mas um conquistador. Foi um longo e arrebatador beijo apimentado, talvez ela não tenha nem percebido o ardor, devido à “liga” que rolou, foi único, surpreendentemente delicioso. A partir desse momento todo panorama que eu havia traçado foi por água a baixo, ou melhor, por vinho a baixo. Nos beijamos muitas outras vezes e rimos com as piadas meio sem graça que eu contava, ela se enroscava em meu bigode e dizia: você tem um rostinho tão feinho, mas, eu acho lindo gente feia. Nos encontramos no dia seguinte e durante toda semana. Começava aí uma grande História de amor, aproximamos nossos amigos, conhecemos nossas famílias, trocamos presentes e resolvemos ficar juntos, só tínhamos um problema: Na casa onde eu morava, havia um cara que dizia que minha urina fedia muito, que era um porcalhão, que sujava todo o ambiente, comia as comidas que estavam na dispensa e espalhava uma doença que poderia até matar. A paixão era enorme entre eu e ela, nada poderia nos separar, tudo que antes era diferença, agora era diluído pelo amor, vimos que, a doença mortal que eu dissipava, ela também tinha. Resolvemos morar juntos, fizemos um novo buraco em outra casa, e na primeira gestação foi 11filhos, também, o que esperar de um casal de ratos no auge da fertilidade e na flor da idade. Criamos nossos ratinhos com o maior carinho, ensinando sempre se livrar das ratoeiras e evitar o convívio humano, pois esta espécie é incapaz de ter um relacionamento saldável com qualquer outra. Além de compartilhar nosso ”buraco-casa” com nossos amigos, somos felizes comemorando o 18º dia dos namorados, como se fosse a primeira noite. Eu e minha eterna companheira, neste dia, torcemos para que todos os casais apaixonados como nós, façam um brinde com vinho e queijo, celebrando as delícias do amor que se espalha entre os namorados nesta data. E os que não tem namorado, não deixem o “queijo” subir a cabeça. Feliz dia dos namorados.

M. C. MEIRA 12/06/2013.

MAERSON MEIRA
Enviado por MAERSON MEIRA em 12/06/2013
Reeditado em 12/06/2013
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