Antônio Pereira Nobre um poeta português...

Do seu único livro publicado em vida "Só" Antonio Nobre comenta: : "que é o livro mais triste que há em Portugal", contudo, Antonio Nobre influenciou os grandes nomes do modernismo português, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, deixando sua marca na literatura lusófona."

Antônio Pereira Nobre nasceu em 16 de agosto de 1867 Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de Março de 1900, com apenas 33 anos de idade, em casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto, e que será o responsável pela edição póstuma de "Despedidas "e "Primeiros versos".

Deixou inédita a maioria da sua obra poética. Apesar da morte prematura, e de só ter publicado em vida uma obra, a coletânea "Só", Antônio Nobre influenciou os grandes nomes do modernismo português, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, deixando uma marca indelével na literatura lusófona.

SONETO

Meus dias de rapaz, de adolescente,

Abrem a boca a bocejar, sombrios:

Deslizam vagarosos, como os Rios,

Sucedem-se uns aos outros, igualmente.

Nunca desperto de manhã, contente.

Pálido sempre com os lábios frios,

Ora, desfiando os meus rosários pios...

Fora melhor dormir, eternamente!

Mas não ter eu aspirações vivazes,

E não ter como têm os mais rapazes,

Olhos boiados em sol, lábio vermelho!

Quero viver, eu sinto-o, mas não posso:

E não sei, sendo assim enquanto moço,

O que serei, então, depois de velho.

#"Só". 2ª edição, revista e aumentada:

Lisboa, Guillard, Aillaud e Cª, 1898 (Ilustrada)

Epilogo

Meu coração, não batas, para!

Meu coração, vai-te deitar!

A nossa dor, bem sei, é amara,

A nossa dor, bem sei, é amara...

Meu coração, vamos sonhar...

Ao mundo vim, mas enganado.

Sinto-me farto de viver:

Vi o que ele era, estou massado,

Vi o que ele era, estou massado...

Não batas mais! vamos morrer...

Bati a porta da Ventura

Ninguem m'à abriu, bati em vão:

Vamos a ver se a sepultura,

Vamos a ver se a sepultura

Nos faz o mesmo, coração!

Adeus, Planeta! adeus, ó Lama!

Que a ambos nós vaes digerir...

Meu coração, a Velha chama,

Meu coração, a Velha chama...

Basta, por Deus! vamos dormir...

António Nobre, in 'Só'