GRANDE É O MEU SERTÃO

QUERO CONTAR UMA HISTÓRIA MUITO ANTIGA QUE A MÃE DO MEU AVÔ ME CONTOU, NÃO SEI SE É VERDADE, SÓ SEI QUE ACONTECEU. ASSIM DIZIA MINHA BISA MANDUCA.

HAVIA UMA CASA GRANDE BEM NO MEIO DO SERTÃO, LÁ TUDO ERA MUITO GRANDE.

SE EXISTISSE FOME, ERA FOME GRANDE.

SE EXISTISSE SEDE, ERA SEDE GRANDE.

SE EXISTISSE CHUVA, ERA CHUVA GRANDE.

SE EXISTISSE SECA, ERA SECA GRANDE.

SE EXISTISSE VENTO, ERA VENTO GRANDE.

SE EXISTISSE ALGODÃO. FAZIA-SE UM PAVIO PARA A LAMPARINA E ACENDIA PARA DEBULHAR FEIJÃO. E NAQUELA RODA DE COMPADRES E COMADRES AS CONVERSAS PARIAM OUTRAS CONVERSAS E O DIA RAIAVA E A PRODUÇÃO ERA GRANDE.

NA CASA GRANDE, O QUE SE PLANTAVA NO QUINTAL NASCIA E TUDO ERA GRANDE.

SE EXISTISSE TOMATEIRO, O TOMATE ERA GRANDE.

SE EXISTISSE CAJUEIRO, O CAJU ERA GRANDE.

SE EXISTISSE GOIABEIRA, A GOIABA ERA GRANDE.

SE EXISTISSE MANGUEIRA, A MANGA ERA GRANDE.

SE EXISTISSE MILHO. FAZIAM-SE PAMONHAS E CANJICA, SENTAVA-SE NO OITÃO DE CASA, CHAMAVA OS AMIGOS, OS CACHORROS... E A COMILANÇA ERA GRANDE.

NO ALPENDRE DA CASA GRANDE A MENINADA SE JUNTAVA E A ALGAZARRA ERA GRANDE.

SE EXISTISSE POEIRA, A POEIRA ERA GRANDE.

SE EXISTISSE BALÃO, O BALÃO ERA GRANDE.

SE EXISTISSE FOGUEIRA, A FOGUEIRA ERA GRANDE.

SE EXISTISSE BOLO, O BOLO ERA GRANDE.

SE EXISTISSE SANFONA. MINHA GENTE SE EXISTISSE SANFONA, O CAVALHEIRO AGARRAVA SUA DAMA, OS DOIS DANÇAVAM DO LUAR ATÉ O SOL RAIAR E A FESTANÇA ERA GRANDE.

BISA MANDUCA SE ENGANOU. GRANDE NÃO ERA A CASA. GRANDE É O MEU SERTÃO.

IELANDIA JACINTO

OBS: homenagem à nação brasileira em especial ao meu povo nordestino, que está distante do nosso amado sertão.