Homenagem a OLAVO BILAC

Esse monumento de poesia

Requiescat in pace(Repousa)

Porque me vens, com o mesmo riso,

Porque me vens, com a mesma voz,

Lembrar aquele Paraíso,

Extinto para nós?

Porque, levantas esta lousa?

Porque, entre as sombras funerais,

Vens acordar o que repousa,

O que não vive mais?

Ah! esqueçamos, esqueçamos

Que foste minha e que fui teu:

Não lembres mais que nos amamos,

Que o nosso amor morreu!

O amor é uma árvore ampla, e rica

De frutos de ouro, e de embriaguez:

Infelizmente, frutifica

Apenas uma vez...

Sob essas ramas perfumadas,

Teus Beijos todos eram meus:

E as nossas almas abraçadas

Fugiam para Deus.

Mas os teus beijos esfriaram...

Lembras-te bem! lembras-te bem!

E as folhas pálidas murcharam,

E nosso amor também.

Ah! frutos de ouro que colhemos,

Frutos de cálida estação,

Com que delícia vos mordemos,

Com que sofreguidão!

Lembras-te? os frutos eram doces...

Se ainda os pudéssemos provar!

Se fosse teu... se minha fosses,

E se te pudesse amar...

Em vão, porém, me beijas louca!

Teu beijo, a palpitar e a arder,

Não achará, na minha boca,

Outro para o acolher.

Não há mais beijos, nem mais pranto!

Lembras-te? quando te perdi

Beijei-te tanto, chorei tanto,

Com tanto amor por ti,

Que os olhos, vês? já tenho enxutos,

E a minha boca se cansou,

A árvore já não tem mais frutos!

Adeus! tudo acabou!

Outras paixões, outras idades!

Sejam os nossos corações

Dois relicários de saudades

E de recordações

Ah! esqueçamos, esqueçamos

Durma tranquilo o nosso amor

Na cova rasa onde o enterramos

Entre os rasais em flor...

Olavo Bilac
Enviado por Florselvagem em 06/08/2014
Reeditado em 06/06/2019
Código do texto: T4912318
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