Naquela noite de quarta bastante especial (15/02/1989), uma greve de ônibus acabara de acabar exatamente poucas horas antes da partida decisiva.
 
A ansiedade que o aprendiz da poesia Ilmar provava (muito próximo de somar breves dezoito primaveras) era total encantamento e não estava distante do sentimento de tantos outros torcedores os quais almejavam ver concretizada a doce conquista.
 
Para o futebol baiano, o título lavava a alma de um Nordeste sofrido e maltratado. Prometia talvez poder se transformar na grande esperança construindo dias melhores.
Vencer significava bem mais do que o sucesso de apenas um clube.
Claro que seria uma façanha convencer os torcedores do Vitória dessa verdade, contudo o Bahia precisava vencer, era vital ratificar o êxito final após uma campanha brilhante e espetacular.
 
Veio a partida.
O Internacional marcou primeiro, a forte apreensão cresceu, porém a confiança dos torcedores era inabalável. Todos aguardavam o Bahiaço virar o placar.
Trinta e seis minutos, no primeiro tempo, Zé Carlos cruzou com precisão procurando a cabeçada de Bobô, o herói o qual não decepcionou e empatou o jogo.
 
Cinco minutos do segundo tempo, na pequena área, enquanto alguns pés disputavam a inquieta redondinha, Bobô apareceu e empurrou a bola para dentro do gol defendido por Taffarel.
A festa incontrolável, a comemoração gigante, o fascínio dos repórteres desejando esquecer a notícia e gritar o gol, a narração frustrada de Galvão Bueno, a expressão do craque querendo mil abraços, o estado baiano emocionado, a magia, o sonho, a insuperável beleza, tamanha leveza, preciosa certeza, quanta grandeza!
As lágrimas que caíram de diversos rostos.
 
O meu deslumbramento juvenil, o jeito inexperiente tentando aprender, imaginando ainda muito viver, podendo demais acreditar, invadindo o alento, a alegria no rosto, a paz na alma, o pranto restaurador...
 
E as estrelas testemunhando aquele instante indescritível!
 
* Por que essas lembranças hoje, Ilmar?
 
Ontem o mágico Bahia enfrentou o Internacional em Porto Alegre. O jogo iniciava a jornada do querido Tricolor de Aço na Copa Sul-Americana.
Confesso a vocês que fui dormir.
Não acreditei que o Bahia surpreenderia.
Errei, pequei, deixei o cansaço falar mais alto.
 
De madrugada, conforme sempre faço, liguei o PC.
 
Conferindo o resultado, a vitória do Bahia (2X0) me levou a viajar até a quarta na qual a equipe começou a definir o segundo título nacional.
Lembrei os dois gols de Bobô, a sua comemoração de moço-menino, a contagiante emoção, a excelente festa, o momento de pura felicidade...
 
Recordei, tocou o coração, chorei!
 
E as estrelas de Bobô voltaram.
Gentis, elas me ajudaram a fazer essa modesta homenagem.
 
Um abração!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 28/08/2014
Reeditado em 28/08/2014
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