Heitor dos Prazeres, uma trajetória de sucesso.
 
Carioca secular, que quase na escravidão nasceu. Nos arredores do mangue, foi ali que ele cresceu.
O pai esperançoso que o filho, o nome Prazeres levasse. Com muita alegria o garoto, era esperado que chegasse.
Lino carinhosamente, por suas irmãs era chamado. No convívio daquela família a união era um traço marcado.
União para o trabalho, mantendo o nível social. Para não serem marginalizados, por perseguição racial.
Heitor assim foi crescendo e com ele as favelas. Que surgiam com famílias, sem emprego e sem escolas.
Ao completar sete anos a morte o seu pai levou. Interrompendo ensinamentos que com ele começou.
Aprendeu marcenaria que era brindada com som. Saídas de um clarinete, nota a nota. Tom a tom.
Desta forma o menino Lino, seu ouvido educava. Entre ferramentas e sons, este menino sonhava.
Ferramentas no armário, clarinete bem guardado. No canto da sala também, havia um piano trancado.
Tudo isto em Heitor, fortes lembranças traziam. Em sua inocência  questões, em Heitor sempre surgiam.
Dona Celestina a mãe. Mulher forte e corajosa. As perguntas do menino, respondia sempre em prosa.
Contando para o menino, as histórias de antepassados. Viajando lá na África, o remetendo ao passado.
Assim com sabedoria, a criança era consolado. Da tristeza que sentia, com a perda do pai amado.
Heitor engraxate. Prazeres jornaleiro. Não podemos esquecer, Lino ajudante de marceneiro.
Todos personagens contidos, em um corpo negro e franzino. Com gingado de capoeira, era assim o menino Lino.
Lá pelos doze anos, surge Heitor do cavaquinho. Cultuando ritmos afros. Improvisando e ritmando, versos com muito jeitinho.
Um grande ogã foi destacado, com versos improvisados. Em instrumentos de percussão eram todos harmonizados.
Com seu cavaquinho inseparável. Presenteado por tio Lalu. Nestas rodadas de ritmos, que iam do jongo ao lundu.
Na casa de tia Ciata, ponto de encontro de bambas. Aconteciam reuniões, unindo os feras do samba.
Heitor saiu pelo mundo, vestido de tudo que tinha. Caixa de engraxate, bolsa de jornal, sem esquecer o cavaquinho.
E na noite carioca o menino ia assistindo. Do lado de fora os movimentos, na escola da vida aprendendo.
Nos prazeres da noite, o menino ia crescendo. No carnaval o rapazinho entre os bambas foi destacando.
Era uma alegria sem fim, no carnaval carioca. Fantasiado de baiana, nos ombros um pano da costa.
O seu cavaquinho ia tocando… arrastando foliões. Que animadamente dançavam mexendo com corações.
Mano Heitor do Estácio, na década de vinte era conhecido. Por estar sempre acompanhado, por bambas do samba e amigos.
Junto com estes nomes, fundou várias escolas de samba. Todas agremiações, saídas das mãos destes bambas.
Em uma fase polêmica, com questões de autoria. Com Sinhô ficou o impasse, de quem era a melodia.
Com dona Glória casou e da união bem nascidas. Três meninas muito amadas, e por eles bem queridas.
Vários concursos vencidos, traziam os frutos buscados. De tudo que ao longo do tempo, por ele fora plantado.
Nas emissoras de rádio, fora ele trabalhando…com a canção do jornaleiro sua infância revivendo.
Junto com a canção a casa, do Pequeno jornaleiro nascendo.
Com a morte da esposa, paixão e tristeza sentia. Nova forma de expressão artística, Heitor dos Prazeres vivia.
A pintura a ilustrar, em desenhos coloridos. Um  pierrô apaixonado, mais uma obra dele nascido.
Na praça Tiradentes num quarto. Que somente bons frequentavam. Atraídos pela fama que Heitor dos Prazeres emanava.
Sempre no meio dos bambas, da cultura afro-brasileira. Candomblé, umbanda, jongadas. Rodas de samba e capoeira.
Após um grande tumulto, com Noel em parceria. Daquela situação mais uma marchinha surgia.
Naquela noite porém, um ilustre o procurava. Das mãos de Carlos Drumond um poema ali chegava.
Sem conseguir musicar, serviu de inspiração e dele um quadro pintava.
Grande mestre Prazeres, de cultura em vários cenários. Não resumida em música mas também em vestuário.
Confeccionava também, peças de mobiliário.
Na década de trinta também. O sucesso  não se detém. Cassino da Urca foi palco de encontro magistral.
Orson Welles o chamou para num filme ajudar. Arregimentando figurantes, em um filme cultural sobre samba e carnaval.
Foi nesta fase também que com Nativa casou. Da união nasceram felizes. Idrolete e Heitorzinho.
Este menino o inspirou, a uma composição musical. Onde em versos dizia… mais um guerreiro, mais um carioca e mais um brasileirinho.
Talvez por influência do nome. Belas mulheres o rodeavam. Além do prazer pela arte, Heitor era muito aclamado.
Para fechar a trajetória, da vida deste artista. Incentivado pelo amigo  Carlos Cavalcante jornalista.
Na primeira bienal, teve sua obra premiada, entre várias expressões artísticas. Ficando assim consagrado em sua longa caminhada.
Hoje com prazer imenso é que presto homenagem, a este que enfrentou obstáculos e se perpetuou com coragem.
 
Fátima Marques
05/10/2014
 
Dados retirados do site biográfico do site www.heitordosprazeres.com.br
Fátima Marques
Enviado por Fátima Marques em 18/12/2014
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