Isaac Schmidt

Quando deitei meu rosto doía. Parecia ter sido queimado pela violência

Os oficiais depois de perguntas descabidas, pretextos para me agredir.

Me deixaram ali, como um resto de carne entregue ao chão.

Cuspiram sobre minha face, amaldiçoaram minha raça, minha crença...

...

Mais um dia, a comida não foi servida, quando é servida vemos os guardas do campo a escarrar sobre o pobre mingau de aveia e água que nos é oferecido.

Penso onde foi morar a razão onde está a providência Divina, penso ser o final, peço q não sou ouvido, carregamos pedras o dia todo, somos pagos com surras e chutes dos cortunos.

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Será que um dia alguém saberá o que fazem aqui?

O que fizemos de tão ruim para sermos tão odiados? Aqui não se amontoam apenas os judeus, mas também os ciganos, cochos e outras minorias...

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Muitos desaparecem a cada dia, as crianças foram a primeiras a sumir, as mulheres peço a Deus que tenham tido melhor sorte que nós...

...

O carvão com que escrevo está acabando, também não tenho mais onde roubar o papel para escrever parte dos horrores que tenho vivido, escondo esse legado em uma lata de feijões e arremessarei além das cercas, com sorte alguém um dia lerá estas palavras.

Me chamo Isaac Schmidt, nasci em Berlim, no ano de 1904, fui comerciantes, tive minha liberdade cerceada, minha família desfeita e agora estamos aqui sendo mortos como moscas, sem valor, sem dignidade, sem nada, você que lerá esse relato, reze por nossos algozes, eles precisarão muito mais do que nós.

Isaac Schmidt

Dachau, 13 novembro de 1934.

Texto de Lordbrainron

lordbyron
Enviado por lordbyron em 13/02/2015
Código do texto: T5136127
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