AO MEU QUERIDO PAI

O LUGAR VAZIO NO BANCO DA PRAÇA.

A primeira forma de vazio é a falta de algo dentro da alma, do coração, que não se pode preencher com filosofia, religião, remédios, festas ou qualquer outra coisa. Ele vai sempre continuar lá.

É uma tristeza silenciosa, que pode se esconder atrás de uma "máscara", até mesmo sorridente. Você está sorrindo apenas por fora, mas o coração está partido em mil pedaços e nunca mais se reconstituirá.

E assim que ha um mês estamos sentindo.

Meu pai se foi ha trinta dias, que parecem anos.

Tudo a nossa volta lembra ele.

O presente do dia dos pais ficou muito pesado pra todos nós.

O lugar vazio no banco da pracinha nos remete a seus causos e ensinamentos. Ficávamos horas a fio ouvindo. Ele sempre dizia, a sua maneira:

-Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.

Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte!

Se perceber que precisa seguir, siga!

Se estiver tudo errado, comece novamente.

Se estiver tudo certo, continue.

Se sentir saudades, mate-a...

E agora Pai, como matar a saudade?

Como preencher o vazio do banco da praça?

A quem contar os problemas do nosso dia a dia?

Como sentir de novo os seus olhos que sorriam, quando nos viam chegar um a um, os seus gestos que se desculpavam, seus toques que sabiam conversar, e às vezes o seu silêncio que se declaravam, quando não mais podia falar.

Lembro-me do dia que te trouxe do hospital pela última vez, assim que enxergou o banco da praça exclamou: Que vontade sentar lá!

Talvez pela sua cabeça (nos raros momentos de lucidez) tenha passado as mesmas coisas que nós, seus filhos, pensamos quando nos lembramos das nossas tardes de verão reunidos ao seu redor.

Que bom Pai que ficaram as boas lembranças.

Parafraseando Roberto Carlos

De todas as lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter... Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

Meu Inesquecível Pai.

Mariana Quintanilha
Enviado por Mariana Quintanilha em 07/08/2015
Reeditado em 15/03/2017
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