Numa praia deserta um homem revelava enorme tristeza.
 
Naquele dia os animais combinaram realizar uma longa pausa. Cedo os galos não saudaram o novo dia, os grilos ficaram quietos, latido algum ocorreu, uivos os lobos evitaram, nenhum dos sapos coaxou, relinchos os cavalos preferiram conter.
 
As árvores não balançavam suas folhas
Respeitosos os ventos correram discretos.
A notícia de que o ídolo se calou fez todos considerarem uma ousadia imperdoável emitir qualquer som.
 
Merecia a voz perfeita uma homenagem realçando o silêncio.
 
Percebia o homem aquele pacto mágico inspirando os corações.
As ondas serenas e tranqüilas também aprovaram o doce acordo.
 
Imenso desalento impregnava a atmosfera.
As pessoas abatidas imaginavam outra vez escutá-lo e assim voltar a sentir a harmonia insuperável traduzida num timbre tão sedutor.
 
Lágrimas o maestro deixou fluir, um ser divino beijava seu rosto.
Após o ósculo solidário de ternura, o anjo sorriu e voou acelerado.
 
***
Uma maravilhosa sinfonia, formada por notas melodiosas que a Terra jamais ouviu, embalava a festa saudando o convidado especial.
Um coral começou a cantar o refrão famoso:
_ Cantei, cantei. Jamais cantei tão lindo assim...
 
O veloz anjo se misturou no meio dos admiradores.
Concluindo a canção os aplausos foram incessantes.
 
O homenageado se curvou agradecido.
 
Abrindo as cortinas da imortalidade, o precioso artista confirmou que a beleza continua, segue passos os quais o último suspiro não encerra.
 
Continuam as mães amando bastante...
Continua a fidelidade dos amigos leais...
O jardineiro querendo a flor mais linda...
Demais inocentes as crianças brincando...
 
No infinito Cauby continua, dura a perfeição.
Sua voz profunda ainda inunda a pura emoção.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 17/05/2016
Reeditado em 17/05/2016
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