Grega (Ä Syranoss)

Tinha a pele mais clara e sem manchas e bem macia que já se vira.

E uns olhos de azul de mar grego, sua prima origem.

Tinha uma história fantástica, de ancestrais, de sobrevivências armênias ao genocídio que lhes fizeram

Hoje, tão só, abria mão de cuidadores quaisquer numa casinha nos fundos de um longo corredor.

Lá a rotina era bordar e bordar os panos para vender e enviar os lucros a seus compatriotas.

A alegria ficava por conta de um almoço aos domingos, compartilhado

com uma amiga que ela prezava como um tesouro

Foi encontrada caída dia destes no chão da sala de bordar,

dias antes da derradeira hora.

Creio que se pudesse se esforçaria,

nesse pacto final, por ostentar aquele sorriso de bondade

multirracial, comedido mas pleno, com aquela educação esmerada.

Um sorriso cheio de segredos, porém, com a certeza de sua sorte

aqui como filha adotada e querida de um Brasil até então de paz.

(Enorme prazer em conhecê-la!)