Os verdadeiros Heróis

Meus queridos leitores,

O texto que eu havia escrito para ser publicado esse mês tinha o título: A Paz do Aviãozinho!

Mas diante da tragédia do último acontecimento com o vôo da TAM, o bom senso e a revolta me fizeram esquecer aquele texto e usar essa coluna pra desabafar um pouco a tristeza que senti e ainda sinto depois daquele 17 de julho.

A definição de tragédia no dicionário é pesada demais pra ser escrita aqui, mas ao mesmo tempo expressa exatamente aquilo que aconteceu com as pessoas que estavam naquele avião. Acompanhei tudo pela TV e a cada informação que era passada, cada imagem, eu

lembrava que havia pessoas ali no meio daquele fogo todo, meu coração doía, e eu sentia a perda de cada uma delas, mesmo sem conhece-las.

Pensava: Meu Deus, elas morreram quando achavam que o pior já tinha passado, estavam aterrissando, iriam encontrar suas famílias, fechar negócios, começar as tão sonhadas férias! Não deu tempo nem de respirar! Nem de soltar os cintos de segurança. Em menos de um minuto todos aqueles planos se transformaram em chamas. Imagino que não tenha dado tempo nem de sentir dor ou desespero. A dor e o desespero ficaram para as famílias, para os amigos e para nós que sentimos muito pela vida de cada um dos passageiros daquele vôo. É difícil falar sobre isso, mas mesmo que esse texto fique ruim eu preciso expressar a minha dor.

Não vou falar de indignação, falta de responsabilidade do Governo e muito menos apontar culpados. Acho que isso é desrespeito e o mais importante são as vidas que foram perdidas, e como estão agora os parentes e amigos das vítimas.

Enquanto acompanhava a tragédia pelos noticiários, duas cenas me marcaram muito: a primeira é a de uma mãe, sentada no chão e em estado de choque pensando na saudade e no fato de que jamais veria seus dois filhos, de 17 e 12 anos. A segunda é de um homem que não conseguiu dar entrevista, passou direto pelos repórteres e voltou pra dizer as únicas palavras que conseguiu: “minha esposa”.

Nessa hora, as vítimas deixavam de ser números e se tornavam filhos, esposas, amigos, avós e pais. Viravam gente. Nessa hora é que eu sentia mais dor, porque os meus pais estavam ali do meu lado, meu irmão estava no cinema e a minha vida continuava. Mesmo assim eu me desesperei junto com elas. Senti muita dor, mas essa dor não se compara com a dor delas. A delas não terá fim.

Pior de tudo é saber que a gente vai esquecer isso. Não adianta, a gente vai esquecer mesmo. Somos assim.

Essa tragédia tem vários heróis. Os bombeiros, a população que se mobilizou, o gerente que morreu porque ficou até o último minuto tentando tirar seus companheiros de trabalho do prédio. Mas a minha homenagem vai para aqueles que serão heróis pra sempre. Heróis pra tentar viver e suportar a dor da perda. Pais heróis, que irão cuidar dos filhos sozinhos, supermães que irão olhar todos os dias pro quarto vazio dos seus filhos, filhas que viverão sem a mãe, viúvos que tentarão reconstruir a sua vida dia após dia. Esses são os meus verdadeiros heróis.

A eles presto a minha homenagem. São eles que estão na minha oração. Que Deus console estes corações, fortaleça estas mentes e dê a eles motivo para continuar a viver.