A volta do Sertanejo Odon

Dos baixios mais férteis do sertão
Onde crescem as árvores mais frondosas
O Juazeiro, a Baraúna, o Umbuzeiro
Lá também nasceu o Sertanejo Odon
Apegado a sua cultura e a seu povo
Mas não preso por suas raízes
Livre para alçar vôos, de idas e voltas
Como as pombas do sertão ao relampear

Voou para perto, Crato e Recife, no Nordeste
Fez sua base, fortaleceu suas asas
Alçou voos maiores, Rio de Janeiro e Brasília
Voltou ao sertão a cada invernada
Lançou-se em penhascos, América e México
Desviou obstáculos, hábil como um morcego
Fertilizou-se em outras terras e culturas
Aninhou-se e produziu bons frutos

Bebeu das fontes de alegria e sabedoria
Sentou-se nas rodas e compartilhou
Experiências, discussões e histórias
Ricas, diversas, profundas, comuns aos cultos
Manteve-se jovem respeitando as realidades
Deu amizade, exemplo e consideração
Arrancou de muitos, respeito e admiração

Voltou a sua terra, como um Asa Branca
Fez a primeira parada em Teresina
Como bem planejado na sua sina
No rumo de volta para o sertão
Construiu relações fortes, rotarianas
E na academia fez seu assento
Distribuiu decência na vida pública
O que sempre teve na sua essência

Sentindo o ronco do trovão
Voltou a Pio IX, o seu torrão
Mas incansável, fez mais história
Sem se preocupar em levar glórias
Botou a mão na massa da produção
Plantou pastagens, criou na Malhada
Sem medo algum das empreitadas
Fez clínica e cirurgia veterinária
Sem nada em troca, fez bem na prática

A sua volta não foi em vão
Nutriu cultura sem pretensão
Cultivou saberes e conhecimentos
O artesanato de couro foi curtição
Plantou árvores, fez filhas e livros
Marcou a história do seu sertão
Agora, planta-se enfim na sua terra
Fertiliza em paz, o seu torrão.

02/03/2017

*Interconexão com a "Volta do Asa Branca".