Ode às Sabiás do meu vilarejo

De onde elas vêm

E para onde elas vão,

Não se sabe!

Só uma certeza;

Todo ano elas retornam!

Cortando a bruma

Silenciosa da madrugada

Ouve-se então o seu cantarolar.

Ninguém ficará sem alvorada

Ninguém acordará mal-humorado.

Todos nós já as esperávamos!

Até as ramas camarinhas

Das velhas figueiras...

São elas que retornam

Mais uma vez

Nas asas de agosto/setembro!

Entre gorjeios maviosos

Vão tecendo seus ninhos

Criando suas proles

Queira o céu grávido de nuvens

Ou infinitamente azul.

Ah! Quem dera a liberdade de suas plumas

A sonoridade do seu coração!

Mas, me atrevo a falar de um privilégio:

É eu poder ouvi-las e assisti-las

Daqui da minha janela!

São aquelas do peito alaranjado

E olhar rápido, no prefácio da primavera!

E carregando o ar de sonoridade

Nos enche de humanidade

Desde a púrpura da matina

Até o ouro da tardinha!

Preciso ouvi-las mais intensamente

Pois não demora, batem asas

Levando sinfonias e proles

Porque suas visitas

São o tempo de um arco-íris,

O tempo de um haicai!

Ainda um tom melodioso se ouve

Voando para algum desterro?

É assim, sempre assim,

Como chegam, desaparecem.

Retornarão as mesmas?

Estaremos nós aqui, para mais uma vez

Vê-las e ouvi-las?

A única certeza é que sempre, ao partirem

Deixam pobre meu vilarejo

E o meu coração pesado e triste

Como o cantar de um realejo!

De JAL.®

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 28/07/2017
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