A viagem

Homens de preto e branco mergulhado em orações
Despedem-se daquela que tão cedo adormeceu
A dor me rasga o peito
Ao vê-la bem posta sobre aquele fúnebre leito...

No estreito canto, vejo-me aos prantos
Perdida na imensidão dos meus pensamentos
Resgato as lembranças, entristeço-me ao ver
Que ela adormeceu na mesma simplicidade em que nasceu
Totalmente desprovida de ornamentos,
Pois ignorou por toda a sua vida todos os enfeites
Em prol de todos aqueles que vieram do seu ventre...

A névoa branca que cobre a madrugada nos esfria
O fogo que se esvai das velas amarelas
Ilumina o interior da capela descobrindo olhos
Que se afogam em lágrimas expelidas pelos corações
Que sofrem em silêncio...

A “Morte” por si me assusta
Contudo, quando a vi enfeitada por flores,
Entendi que aquele momento era apenas um ensaio
Para fazer a tão esperada viagem
A viagem para o jardim eterno do Divino Espírito Santo...

Tomada por uma súbita força enxuguei minhas lágrimas
Ofereci-lhe uma coroa da mais bela flor
Pois ali estava uma rainha que estava partindo
Ela é e sempre irá ser a “Mãe” da minha querida “Mãe”!


Em homenagem a Dna. Mercedes Garre