MULHERES DE 50

Nesta semana assisti uma reportagem sobre as mulheres de 50, não me surpreendi muito com o mostrado, até por que vemos todos os dias, em cada local a transformação pela qual elas passaram.

Depois, já na cama, me veio à lembrança as mulheres de 50 da minha infância, nada tinham em comum com as cinquentonas de hoje. As mulheres de 50 da década de setenta, usavam coques, seus vestidos eram longos, com bolsos na frente, sandália rasteira de dedo, seu local preferido era a cozinha, seus hobbys eram a igreja, as novenas, suas companhias mais constantes eram os netos, nós as chamávamos por dona Rita, dona Maria, dona Fátima.

Não lembro muito como eram as cinquentonas da minha adolescência, dos meus vinte anos, infelizmente, ficou esse vácuo e não pude perceber como ocorreu essa metamorfose, talvez por que nesta fase, eram as balzaquianas que eu admirava.

Mas quando acordei dessa hibernação, vi diante de mim uma geração de mulheres maravilhosas: aquelas musas da televisão, aquelas vizinhas que eram meus objetos de desejo nunca alcançado, talvez por me acharem um pirralho, talvez por ser um amor platônico. Todas agora estão na casa dos 50.

Que bom perceber que elas continuam musas, que continuam belas. Podem não ter mais aquele corpo dos 20, dos 30, e a pele pode ter marcas do tempo. Mas, elas não precisam se preocupar com as mulheres mais jovens, pois elas brilharam em cada fase da vida e aos 50 sua luz é mais radiante. Ao contrário, as mais jovens é quem devem se preocupar em manter sua luz e chegar aos 50 com o mesmo brilho que as nossas fantásticas mulheres de 50.

Elas não abdicaram da família, dos netos e ainda são mestras na cozinha. Ainda oram por nós, mas agora seus horizontes são mais amplos, trabalhando fora ou não, são independentes, seus vestidos perderam os bolsos e agora moldam suas curvas, mostram suas pernas torneadas adquiridas nas academias, nas caminhadas, nas piscinas. Elas também mostram colos maravilhosos, que nos fazem imaginar seios, que se não têm o viço da juventude, têm o sabor delicioso da maturidade.

Sua vaidade é discreta, ela não mais precisa de maquiagem pesada, de esmalte chamativo, de perfumes fortes. A simplicidade é sua arma, a sutileza seu charme, ela está acima de coisas supérfluas. A sua sensualidade é discreta, pois nessa fase elas amam a discrição. Sua experiência, sua maturidade, sua segurança é que fazem a diferença.

Aos cinqüenta o fogo da mulher queima com mais força, ela não precisa de estimulantes, de pílulas azuis, precisa apenas de alguém que liberte suas brasas dentro de um vulcão que teima em não adormecer.

Aos cinqüenta, o "senhora", é uma questão de respeito, afinal elas fizeram por merecer. Mas, além de serem respeitadas necessitam serem admiradas, cultuadas, adoradas e acima de tudo: muito bem amadas.