Marielle, presente!
Na calada da noite, calaram
A voz que reverberava gritos dos esquecidos
Sob noturno manto, ceifaram
A vida de quem lutou pelos oprimidos
Barbárie! Abjetos vermes pelas ruas caminharam
Ocultos pelo dinheiro, pelo poder apodrecidos
Homens armados de ganância e ódio atiraram
E abatendo a mulher, desejaram ver sonhos abatidos
Há um ano tal questão nosso peito oprime:
Quem matou? Quem mandou matar?
Quem orquestrou tão inumano crime?
A quem interessa afinal nossas vozes calar?
Tamanha revolta nenhum poema exprime!
Marielle, mulher corajosa, escolheu falar
De cabeça erguida contra o sistema que suprime
O direito de tantas outras Marielles e Andersons de viver, de sonhar
Marielle sempre presente! Sempre força e alegria
Marielle cuja alma se manteve doce e pura
Sem abandonar suas raízes de mulher negra da periferia
Ocupou seu espaço enfrentando da vida a batalha dura
Ousou sonhar com a revolução d’onde nascerá um novo dia
Mãos à obra – pedra por pedra, desejou construir um mundo sem amargura
Sabia que a verdadeira Revolução seria construída pelo povo, dia a dia
Do chão, pela mulher, pelo povo negro, indígena, pela troca de ideias sem censura
Na calada da noite, Marielle, eles acreditaram
Ter visto tantos planos e sonhos demolidos
Bandidos em luxuosos covis comemoraram
Ao ver milhões de corações partidos
Mas nosso luto, é verbo! Nossas mãos não se soltaram
Marielle tornou-se semente a germinar em campos floridos
Suas palavras, seus gestos, suas lembranças revoaram
A nos fortalecer nesta batalha da qual seremos vencedores, jamais vencidos
Nunca permitiremos que calem a tua-nossa voz!
Foste em vida um pouco de todas e de todos nós
E hoje em cada uma, em cada um, vive um pouco de ti
Marielle brilha, floresce, resiste! Gigante, eterna, Marielle, presente!