Geraldo Agustavo da Fonseca

Prof. Arnaldo de Souza Ribeiro

“As pessoas não morrem, ficam encantadas”. João Guimarães Rosa.

Na manhã do dia 3 de agosto de 2021, os familiares e uma legião de amigos receberam com tristeza e pesar a notícia de que o senhor Geraldo Agustavo da Fonseca fora chamado à casa do Pai. Era filho do senhor João da Silva Pimenta e da senhora Latife da Conceição Mileib e casado com a senhora Maria José Moreira da Fonseca.

Conheci o senhor Geraldo Agustavo da Fonseca no dia 10 de março de 1973, quando iniciei meus trabalhos na Companhia Industrial Itaunense – CII. Naquela ocasião era ele o Gerente-Geral. Desde o primeiro contato ficou a boa impressão, pela atenção e cordialidade que me recebera, impressão que, com o tempo, consolidara em amizade e admiração.

Lembro-me que, diariamente, na parte da manhã, ele visitava todas as seções da empresa, para verificar de perto o andamento dos trabalhos e eventuais problemas, para melhor entendê-los e contribuir com a solução junto aos respectivos chefes. Sua presença era esperada e notada por todos, pois, por onde passasse e encontrasse com um colaborador ou colaboradora, cordialmente os cumprimentava. Destacava-se pela sabedoria e também pela educação e elegância no trato com todos.

No início da década de oitenta, quando fiz o Curso de Técnico Têxtil, no Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQT – no Rio de Janeiro, na primeira aula, um dos professores solicitou que nos apresentássemos e disséssemos de qual fábrica e cidade viéramos, quando me apresentei, ele questionou:

- “Você conhece o Geraldo Agustavo?”

Ao responder que sim, ele manifestou: “Foi um dos alunos mais inteligente, brilhante e responsável, que passou por esta escola. Quando vê-lo, transmita-lhe o meu abraço”.

As palavras daquele professor me agradaram, mas não me surpreenderam, uma vez que, por alguns anos, presenciara a forma que o senhor Geraldo Agustavo exercia a Gerência-Geral e, ainda, substituía os demais chefes de seções em suas férias, atos que demonstravam, somente uma pessoa dotada de privilegiada inteligência e sólida formação seria capaz. Ou seja, já o via como um exemplo de pessoa e profissional.

O tempo passou, deixei a indústria têxtil e migrei para o exercício do magistério e da advocacia, mas mantive o respeito, amizade e admiração pelo senhor Geraldo Agustavo. Ao longo dos anos, outras vezes nos encontramos em filas de banco, solenidades, ruas e praça e, com a mesma cordialidade e respeito de outrora conversávamos e reiterava-lhe o meu apreço, respeito e gratidão. Também presenciei várias outras pessoas que faziam o mesmo. Ou seja, também elas tinham uma palavra de respeito e gratidão para lhe externar e ele, de igual modo, com a mesma cordialidade de outrora, as ouvia e retribuía os agradecimentos.

Ainda que neste momento de pesar saibamos que se encontra na casa do Pai, sabemos também, por muito tempo, o senhor Geraldo Agustavo da Fonseca permanecerá entre nós. Conforme ensinara o pensador Franklin Augustto: “Um homem não morre quando seu corpo para: um homem morre, quando deixa de ser lembrado”. Portanto, pela forma que viveu e pelo bem que fez a tantos, ele nunca deixará de ser lembrado e respeitado.

Itaúna, 9 de agosto de 2021.

* Arnaldo de Souza Ribeiro: é mestre e doutor em direito, Prof. do curso de direito da Universidade de Itaúna – UIT, Presidente da Academia Itaunense de Letras – AILE, membro da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa – ACLGR, Acadêmico Correspondente Nacional da Academia Formiguense de Letras – AFL, do Instituto de Direito de Língua Portuguesa – IDILP e da Comunidade de Juristas de Língua Portuguesa – CJLP, Lisboa.

Publicado no Jornal – Gazeta de Itaúna. Pagina 2, Edição 952, 21.08.21