Raul Seixas e Paulo Coelho.

Sonhos.

Me conta os seus sonhos e me diz por onde você anda,

será que aquilo que você exige do outro não é o que você

deveria esperar de você mesmo? Viva a tua vida mais leve.

Foram os sonhos que nos trouxeram até aqui e são eles que

vão nos manter vivos ou não, depende de nós sonhar nossos

sonhos, a vida, tal qual eu a entendo precisa da ficção e não da

realidade travestida de ficção. Uma vez, perdidos nossos sonhos,

só nos restará o sono que confina nossa breve existência ao nada.

Triste daquele que realiza todos os seus sonhos, todos os desejos.

Levanta dia após dia a procura de um motivo que lhe de alívio

para sua dor, e como diria o cantor: é só ouro de tolo, e se todos são

loucos, prefiro ser o poeta gentileza, ou quem sabe o maluco beleza.

Mas com certeza gentileza gera gentileza, e sonho que se sonha só,

é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto, é realidade.

As vezes me pergunto porque nosso sonho não virou realidade, ou

foi só ficção travestida de realidade, a realidade diz que não é possível.

Eu nasci há 10 mil anos atrás, já li de Buda a Jesus Cristo passando por

Chico Xavier e continuo sendo uma metamorfose ambulante. Gitá eu

gosto de ouvir, mas ainda não consegui encontrar minha sociedade

alternativa, talvez ainda tenha medo da chuva, mas não desisto fácil,

e digo para mim mesmo: tente outra vez. Já fui cowboy fora da lei e

junto com o pastor João fundei a igreja invisível, me regenerei, hoje

sou espírita, canto mantras, faço meditação e adoro imagens de Mãe

Maria e tenho o retrato de Jesus sorrindo, onde faço minhas orações,

e ascendo meus incensos. Quando eu crescer quero ser o carpinteiro

do universo, ter de volta meu sapato 36, ouvir as profecias e saber

o segredo do universo, e quando acabar, o maluco sou eu, que escreveu.

Não como carne vermelha, mas como carne de caju, jiló e frutas, sou

quase vegetariano e gosto de Rock e de Circo Voador, não como frango,

mas como ovo, e um dia o ovo seria um frango ou uma galinha, e o galo

diz: você é um assasino. Agora eu também vou reclamar, cantiga de ninar,

quando eu achar as minas do rei Salomão, não vai ter mais mosca na sopa,

quem não tem colírio, usa óculos escuros, e quem tem fome quer comer.

O homem, os números, ave Maria da rua, a maçã, Al Capone, o dia que a

terra parou, e o papel vai acabar, tenho que parar, a gente sempre tem que

parar e recomeçar, onde é o ponto de partida, onde é o ponto de chegada,

o trem que chega é o mesmo da partida. E quem não pegar esse trem está

perdido, então salto do metrô 743, e pego o trem para Jacanã e

se eu perder esse trem que sai às onze horas, só amanhã de manhã.

Esses são alguns nomes de músicas do Raul Seixas e seus parceiros,

inclusive o Paulo Coelho, que virou mago, sabe o nome do seu anjo

da guarda, o dia da sua morte, lutou contra seu demônio pessoal.

Recebeu a sua espada das mãos do seu mestre e percorreu vários

caminhos, como no Alquimista o sonho era a resposta, não para

aquele que sonhou, mas para aquele que acreditou no seu sonho.

Acredite no seu sonho, ele pode estar até no sonho de outra pessoa,

mas ele é seu, e ninguém pode tirar de você, se você acreditar nele.

E não se esqueça pois eu sou o início, o fim e o meio e me despeço.

Ricardo di Paula, 24/10/07.

PM 09:10.

A parte do texto sublinhada foi tirada da crônica, vivendo em voz alta,

de Miguel Falabella. Jornal “O Dia”, 21/10/07.