António Ramos Rosa: sensualidade

Erotismo e sensualidade! Há uma tentativa de actualizar (em sentido linguístico) uma e outra vez estes dois temas ou formas de abordar um tema.

Há muita "poesia" má, muita coisa vulgar em nome do erotismo e da sensualidade. Depois, há muita coisa absolutamente sublime!

Li, como sempre, o Jornal de Letras, e encontrei dois bons textos. Um do escritor José Luís Peixoto, que escreve sobre aquelas duas ou três pessoas adormecidas que há sempre numa qualquer conferência ou palestra. De facto, é fatal. Há sempre umas alminhas que sucumbem ao sono, enquanto alguém debita pérolas de sabedoria.

Li depois um texto sobre um dos maiores poetas portugueses, ANTÓNIO RAMOS ROSA, escrito - e muito bem - por Maria Teresa Horta. Desde logo, a fechar o artigo, pode ler-se uma citação de Rimbaud, que diz assim:

«" A poesia é a eternidade. É o mar indo com o sol"».

Mas o objectivo do referido artigo é dar a conhecer o último livro de Ramos Rosa, "Rosa Intacta", salientando a sua carga erótica. A ilustrá-lo, transcrevem-se alguns poemas. Deixo aqui um deles:

Com um cerrado ímpeto

abraçou-me.

Senti a tensão eléctrica do seu corpo,

a luxuriante suavidade de uma lua,

a verde plenitude da folhagem,

um frenesim sedento,

a lisa e longa voracidade de uma cobra

a vertigem de uma estrela.

(JL, 21 Novembro, 2007, p. 23)

Excelente!