Texto 12 - CANÇÃO COMO POESIA

A Canção e a Poesia não existiriam com o devaneio e

encantamento que nos inundam, se não existissem as

maravilhas da Natureza, com que Deus nos brinda a

cada segundo: CANÇÃO COMO POESIA!

Numa ocasião, quando os membros da comitiva sentaram-se sob frondosa árvore para breve descanso, São Francisco de Assis começou a observar a Natureza ao redor e percebeu a divina ascensão de forças que a vida tem em abundância e, ao contemplar aquele espetáculo invisível, a emoção o fez chorar. 
E neste impulso do Divino em seu coração, como poeta que era, recitou, no templo natural, uma
"CANÇÃO COMO POESIA", neste tom universal:


(Palavras de São Francisco de Assis)
"Vendo a obra, vejo Deus; sentindo Deus, sou amor.
Oh!... quantas coisas se escondem de mim, de vós,

de todos, coisas essas, filhas do Criador.
Sinto-me nada, ante a grandeza do universo;
sinto-me verme,
pelas belezas que desconhece o meu coração.
Deus tem filhos no mar, nas estrelas, no ar;
Deus tem filhos nas árvores e na terra. 
Deus tem filhos até nas guerras.
Que beleza a função da natureza!...
Vejo a luz surgir no escuro,
vejo a vida perfeita nos monturos;
vejo o céu nas águas do mar,
vejo e sinto o Amor no amar.
Quando descanso, a natureza trabalha;
quando durmo, a natureza trabalha;
quando trabalho a natureza trabalha.
Quem eu sou?...
Nada, diante desta batalha.
Deus é Deus dos justos,
Deus é Deus dos párias,
Deus é Deus dos que viajam,
Deus é Deus dos que ficam em casa!...
Deus é Deus das sombras,
Deus é Deus da luz,
Deus é Deus das trevas,
Deus é Deus de Jesus!...
Quando estou cansado, Deus está ocupado;
quando estou reclamando, Deus está obrando.
Quando blasfemo, Deus está entendendo;
Quando tenho ódio, Deus está amando.
Quando estou triste, Deus está sorrindo.
Deus é sabedoria e eu estou sonhando!...
Que beleza a natureza!...
Que beleza a profundeza da existência e do existir. 
Eu não compreendo, mas luto para me corrigir;
porém, em frações do tempo,
logo quero ajuntar e Deus repartir.
Quero colher, quero usurar;
e Deus passa por mim a semear!...
Luto de novo, mas ainda não sei lutar;
penso na disciplina, mas não me deixo disciplinar.
Avanço... Caio! Torno a avançar.
E Deus me ouve, passa novamente por mim,

olha para meus olhos, sente meu coração.
E fala baixinho em meu ouvido:
Vem, vou te ensinar a amar.
Deus se retira!...
Sinto Sua ausência!...
Peço clemência!
Mesmo assim, Deus não se esquece de mim.
Manda um anjo em meu encalço,
num carro fulgurante de luz.
E de braços abertos, caio por terra;
pensei que era o Cristo de Deus, que era Jesus!
E o cortejo dos céus entra em mim, em cântico de louvor.
Abre meu coração, deixando dentro dele um tesouro de luz!...
O tesouro da dor."  

 

 

DTL Gonçalves e São Francisco de Assis
Enviado por DTL Gonçalves em 24/12/2022
Reeditado em 15/01/2023
Código do texto: T7678883
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