Minha Incompreendida Mãe

O mês de agosto se arrasta carregando a minha saudade desde a sua partida. Faz frio lá fora; é um dia de inverno sombrio e triste conforme foi a sua partida. Seus olhos verdes cerraram-se para sempre, e eu já não posso vê-los brilhar quando sentia o seu abraço amigo.
Que saudades, minha mãe!
Você em vida tentou compreender o mundo, as pessoas e as injustiças, e por causa dessa inquietação sofria e fazia algumas pessoas sofrerem, inclusive eu. Confesso meu despreparo por não sabê-la entender, quando adolescente. Hoje sei por que você era assim e sofro por mim e por você. Sinto falta de seu socorro de mãe sempre a ajudar-me na hora necessária.
De fácil contentamento era você, principalmente aos olhos dos outros. Sempre ajudava os necessitados. Era a maneira que encontrava para esconder os sofrimentos por que passou pela vida, pela infância sofrida com os irmãos e pela perda de seu único parceiro e amor - meu pai!
As lembranças estão muito presentes nesta minha alma sofrida, e eu me pergunto por que partiu tão repentinamente, sem que eu estivesse preparada para conviver com sua ausência. Por que Deus não me concedeu a dádiva de ter meus pais comigo durante muito tempo? Por que esta morte tão precoce? Por quê?
A morte é violenta! A religião cumpre o seu papel de nos fazer acreditar que somos eternos, e a ciência o seu de que temos princípio e fim. Nada disso me conforta. Só sei que estou só e com saudades de minha mãe.
Quando criança, ofertava a você e a papai meus troféus que ganhava nas competições de natação Eu era motivo de orgulho para os dois. A minha vitória era de vocês e para vocês, que sempre me deram muito carinho e amor.
Mãe! Gostava de vê-la feliz quando eu nadava. Seu verde olhar brilhava mais a cada vitória alcançada, e o meu quarto era decorado com as minhas medalhas e retratos de competição, tudo feito com muito carinho por suas mãos de fada. As pessoas elogiavam a mim pelo feito e a você pela decoração.
Hoje olho meu quarto; já não é o mesmo. Até as medalhas perderam seu brilho. É um quarto triste e vazio de você. Falta o seu calor materno, falta a decoração graciosa que só você lhe sabia dar; falta a minha mãe, a maior responsável pelas minhas vitórias.
Não sei em que dimensão você está, mas aceite, mãezinha, o troféu que lhe ofereço com a minha saudade profunda, o troféu do meu reconhecimento e do meu amor por você e lhe faço um pedido: - ajude-me sempre a alcançar as vitórias de que preciso nesta vida.

Vilma Tavares
Vilma Tavares
Enviado por Vilma Tavares em 02/05/2008
Código do texto: T972442