O expresso do meio-dia

— Bom Dia Dias.

— ...

— Meu Troco.

— Espera do lado.

— Bom dia Dias.

— ...

— Espera do lado

— Quere ir sentado.

— Senta aí ao lado.

— Quero sentar ao lado daquela loira gostosa.

— Tó.

— Cobrador palhaço.

— Tanto troco e ele fica regulando.

— Qualquer dia trago meu porquinho de moedas, mas sem o porquinho.

— Buenos dias Dias.

— ...

— Djo ablei buenos dias Dias.

— Ué, por que aquele cara deu um tapa na cabeça do motorista?

— Vamo dá um cheguinho mais pra trais pessoal.

— Cuidado com meu pé, palhaço.

— a mulher com uma criança no colo e ninguém se habilita a lhe ceder o Lugar.

— Criança? Tá quase maior que a mãe.

— Vamo Pprá de impurrá aí, hein?!

— Dá mais um passinho aí pessoal.

— Só se ocê abrí a porta de trais, seu cavalo.

— Aaaaaaachiiiiiiiimmmm... ahrg. Ô moça, toma um banhozinho de vez em quando em vez de se lavar de perfume.

— Cala a boca seu grosso.

— Eduardo, dá um cantinho perto do teu pé. Ergui o meu e não acho mais o lugar dele.

— Abaixa este rádio, seu mentecapto.

— O que o coroa falô?

— Pra abaixá a caixa de abelha.

— Ah, falô.

— Só.

— Estou sufocando.

— Por obséquio, o senhor poderia abrir um pouco a janela?

— Abra você.

— Meu nem, tá ventando no Nenê.

— Fecha a janela. Não está vendo a criança, cretino?

— Nossa, o cheiro está insuportável. Como é que pode?

— Meu bem...

— Fecha... abre mais vai, mais por favor.

— Mas meu bem...

— Cala a boca.

— Olha o decote aaquela gata meu.

— Não posso, não consigo mover o pescoço.

— Seu tarado. Qué pará de se esfregá?

— Sai fora piranha.

— Ô motorista, puxei a campainha. Abra a porta.

— Vai descer.

— Vai descê!

— Ei, olha. O cara tá pendurado na cordinha.

— Vai arrebentá.

— Oh, meu filho. Você está pisando no pescoço do meu filho.

— Mãe, alguém me passou a mão na bunda.

— Tarado! Tarado!!

— Marcos, você assistiu Hulk?

— É claro seu idiota.

— Olhe só aquele sujeito. Está verde.

— Ih, olha lá. Argh... Vomitou na cabeça do cara de terno.

— Ei, cobradô, por que aqui na frente tá lotado e lá trais tá vazio, sô?

— Vamo dá um cheguinho mais pra trais pessoal.

— Vai ocê seu porco.

— Moço, quer sair de cima do meu pé?

— Ô meu, tô muito afim de fumá um braum.

— Ué, por que jogaram o cabeludão pra fora do ônibus?

— Tina, acho que perdi o tamanco.

— ...E você assistiu aquele filme pornô que tá passando no Morguenau? Não? Então vô contar as partes que mais gostei...

— Quê? a passagem subiu de novo?

— O idiota tava hibernando.

— Ei, acorda. qué pará de babá no meu ombro?

— Meio-dia e esse cara já está mais bêbado que uma porca.

— a porta abriu. Aproveita. Vai, vai, agora!

— Olhe lá, o caminhão quase atropelou aquele senhor que desceu correndo do ônibus.

— Bêbado de sorte.

— Filho, pára de puxá a saia da moça.

— Motorista, abre a porta. A perna da senhora ficou presa.

— Ih, ela caiu. Pode deixar motorista.

— Eu sabia que não devia ter saído de calça branca.

— Como é que conseguiram pisar no teu joelho?

— Finalmente chegamos no ponto final!!!

— Oh chente, que viajinha porreta. Esse trem é bão mêmo.

— Cala a boca.

Marcelo Melero
Enviado por Marcelo Melero em 29/01/2006
Reeditado em 08/10/2008
Código do texto: T105322