A Seita da Grã Ordem da Lamparina Sagrada - Continuaçao parte XII
continuaçao parte XII
Aos poucos Oarabotlim foi recobrando a consciência. Aos poucos o tênis Nike de Ramis Seomis foi ficando limpo.
Finalmente Oaraboltim se sentiu em condições de abrir os olhos, sem que a dor que sentia por todo o corpo, quando tentava este movimento, o convencesse de que abrir os olhos ainda não era uma boa idéia.
Tentou se mexer. A dor o convenceu de que isto, definitivamente, não era uma boa idéia.
Resmungou coisas incompreensíveis. Sentiu-se aliviado quando percebeu que resmungar não doía nada. Então resmungou bastante. Resmungou até concluir que embora não doesse nada, também não contribuiria em nada para tirá-lo da situação em que estava.
Suas impressões táteis mandaram mensagens até o seu cérebro, avisando que o seu corpo, alem de doer muito, estava caído sobre uma fogueira que não tinha funcionado e nem dado certo.
Outra mensagem que circulou por suas conexões neurais e foi interpretada com entusiasmo, era a que informava, que havia um objeto cilíndrico, frio e de superfície lisa, caído entre o seu corpo e a fogueira que não tinha funcionado e nem dado certo.
O cérebro de Oarabotlim logo percebeu – sem sentir dor - se tratar do litro de vodka do dia anterior.
Percebeu também, que era muito difícil, quase impossível, voltar a manguaçar aquele litro, na posição em que seu corpo se encontrava. Então, num esforço sobre humano, ignorou a dor, que sentia dos fios de cabelo até a unha do pé – passando pelos órgãos internos, pele, ossos e tudo mais – e conseguiu se colocar em uma posição em que a força da gravidade contribuísse para que o liquido no interior da garrafa, escorresse para o interior de seu organismo.
___ Meu velho masurpial das ilhas virgens – Iniciou o grande Ramis Seomis, com a forma de falar codificada que lhe era característica, se sentindo bem melhor, agora que o seu tênis Nike estava limpo e ainda tinha encontrado alguém em uma situação pior do que a sua, e o melhor de tudo: este alguém era o seu arqui-companheiro Oarabotlim. – Creio que nem mesmo um governo que perdesse cinqüenta por cento de sua arrecadação tributaria para o ano base seguinte, ficaria em um estado tão deplorável como o teu.
Oarabotlim não disse nada. Estava muito ocupado tentando se equilibrar sobre aquilo que, com uma boa margem de erro, seu cérebro interpretava com se fossem seus pés.
___ Tenho estado muito preocupado, meu bom sofista hermeneuta. Disse Ramis Seomis fazendo uma careta de preocupação.
Oarabotlim também estava preocupado.
Sabia que se o seu cérebro não conseguisse se equilibrar em cima de, seja lá o que quer que fosse, que estivesse tentando se equilibrar, o litro de vodka , que trazia junto a boca, correria sério perigo.
Conseguiu tomar um trago, e sentindo se melhor praguejou:
___ Que se dane!.
___ Estive conversando com o Hiflar – Interrompeu o Grande Ramis Seomis, antes que Oarabotlim tomasse gosto pela coisa e voltasse a praguejar.
___ È extremamente desagradável conversar com o Hiflar. É como se o menisco da gazela fosse submetido a uma vídeo artroscopia em um terreiro de umbanda. Sacou? Perguntou sorrindo, com aquele sorriso que Oarabotlim sabia significar alguma coisa ruim, embora não se lembrasse exatamente do que era.
O código particular com que o grande Ramis Seomis falava, era na verdade, uma tentativa de enrolar o seu interlocutor. O objetivo era fazer com que a vitima se concentrasse tentando entender as imagens e referencias contidas nas palavras, e não tivesse tempo de notar o quanto a frase era sem sentido, idiota e carente de qualquer significado.