A Seita da Grã Ordem da Lamparina Sagrada - Parte XIII

A SEITA DA GRÃ ORDEM DA LAMPARINA SAGRADA PARTE XIII

O universo é um troço muito grande.

Na verdade, o universo é um negocio absurdamente grande. Se alguém algum dia te falar que o universo é a maior coisa que já se viu, pode acreditar!

O universo chega a causar desconforto naqueles que, enfim, descobrem o tanto que ele é despropositalmente grande.

O universo é desconcertantemente grande.

A nossa galáxia é bem menor que o universo, mas ela também é muitíssimo grande, e existem bilhões como ela, apenas no universo mapeado.

A luz se resolvesse sair de um extremo de nossa galáxia para iluminar o outro extremo, só chegaria lá quinhentos mil anos depois. E olha que a luz é bem estressadinha e gosta de fazer tudo muito rápido, se movendo a vertiginosos trezentos mil kilometros por segundo. Em uma hora a danadinha percorreria em torno de um trilhão de kilometros.

As pessoas costumam ficar tão desconcertadas com o tamanho do universo, que preferem ignorar, e fazer de conta que este tamanho todo não é com elas. Preferem virar para o lado, e continuar fazendo as coisas pequenas de sempre.

Mas tentar ignorar, assobiar uma musiquinha qualquer, enquanto trabalha de Gerente de Recursos Humanos e tenta espalhar a tua carga genética, não é uma boa idéia para lidar com este tipo de desconforto.

Este tipo de comportamento é tão grande em estupidez, quanto o universo é grande em dimensão.

Esta atitude é considerada extremamente idiota em todos os planetas que orbitam a estrela de Betelguese.

É considerada uma atitude razoável, apenas em um planetinha azul-esverdeado, total mente insignificante, que gira em torno de uma estrela amarela nos confins da borda ocidental da galáxia. Mas nem neste planetinha insignificante, e perdido nos cafundós da galáxia, este tipo de comportamento é considerado uma unaminidade.

Na verdade as únicas criaturas que acham este comportamento razoável são uma espécie simiesca, descendente de primatas e bastante prepotente. Prepotente ao ponto de achar que o criador de um universo deste tamanho, tem também uma forma simiesca parecida com a delas.

Este comportamento de tentar ignorar o tamanho do universo, para não ficar desconcertado e acabar dando um tiro no ouvido, ou pedir conta no emprego de Gerente de Recursos Humanos, também é considerado uma atitude razoável em Belfrajax, o segundo planeta da estrela Oriom V.

Mas para um pensamento que se preze, ser considerado razoável em Belfrajax não é nenhum mérito. Afinal, é em Belfrajax que vive a Terrível Besta Voraz de Traal. Um animal tão incrivelmente voraz, quanto gigantesticamente estúpido. Para escapar de um ataque da Terrível Besta Voraz de Traal, basta fechar os olhos. A criatura é tão estúpida que , quando percebe que a presa está de olhos fechado e não pode vê-la, logo conclui que, como a presa não pode vê-la, ela também não pode ver a presa.

Definitivamente, Belfrajax é um lugar insosso e idiota.

Quase tão idiota como estes lugarzinhos que tem como forma de governo o regime republicano presidencialista, e ainda insistem em acreditar em democracia participativa, quando quem participa, não tem nem condições materiais para participar, muito menos condições sociais e psicológicas para exercer a soberania da participação.

Oluap era um destes pobres coitados sem condições. Ele sabia disto. Porém, podia ser pobre coitado sem condições, mas não era burro. Se todas as pessoas que conheceu ao longo da sua vida, eram unamines em afirmar que ele era um pobre coitado sem condições, ele não via motivos para discordar. Exceto por uma questão de razoável importância em sua escala de valores: Gostava de discordar! Principalmente quando discordava de pessoas de quem não gostava, o que totalizava, pela última contagem, todas as criaturas que se movem e emitem ruídos de qualquer espécie no universo conhecido!

Este numero daria um montante incalculável de criaturas, considerando o tamanho do universo. E como Oluap nunca tinha sido muito bom de cálculos, ele preferia não se esforçar muito, e por hora, não gostar apenas de Oarabotlim, Ramis Seomis, Alic Sirp e Hiflar, além de todos que estavam naquele acampamento, pelo menos, por hora, julgava que este numero de criaturas era suficiente.

Oluap não gostava de Alic Sirp , porque ela se movia, e, principalmente, porque fazia muito barulho! Não gostava de Oarabotlim porque este, embora estivesse em um nível tolerável de emissão de barulhos, se movia demais andando pra lá e pra cá, bebendo latinhas de cerveja. Tambem não gostava de Ramis Seomis e nem de Hiflar. Sendo que não gostava do primeiro, mais por uma questão de concordância com o resto do universo, e com o segundo, porque no resto do universo, não era possível encontrar alguém que nutrisse alguma simpatia por um ser tão desprezível como o Hiflar.

Oluap, na verdade só gostava de uma coisa: Consertar bugigangas estragadas!

E era certo que, em nenhum lugar deste universo, infinitamente grande, como já foi dito, existisse uma bugiganga qualquer que fosse, que pudesse se orgulhar de ter sido consertada por Oluap.

Oluap nunca conseguira consertar coisa alguma, pelo contrario, tinha uma facilidade enorme para estragar o que estava funcionando!

As pessoas quando o viam, sempre comentavam: “Hei, aquele não é o Oluap, aquele que nunca conseguiu consertar nenhuma bugincanga em toda a sua vida?” ou “Este Oluap é um tremendo Mané! Não consegue consertar nada!” ou o comentário que mais irritava Oluap: “Tudo que Oluap faz, ou dá errado ou não funciona, ou as duas coisas ao mesmo tempo”.

Era principalmente, por causa desta ultima frase, que não gostava das pessoas, ou de nenhuma criatura ou coisa que se movesse e emitisse ruídos em todo o universo.

CONTINUA...

milimetro
Enviado por milimetro em 09/09/2008
Código do texto: T1169575
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