A Lésbica e o Tridente

Em uma festa à fantasia em algum lugar no subúrbio do Rio.

- A mulher furação, como era conhecida, empolgada com festa comandava a lafusa. Pois sim, no momento todos envolvidos, só se preocupavam com que roupa iriam, quer dizer, com que fantasia. O limite era a imaginação de cada um. É claro que a furação não ia perder esta festa por nada, ela é quase uma celebridade local.

-Vou começar pelas participantes mais marcantes. Além da furacão, acima citada, tinha a mulher samambaia, queijo suíço, melão, melancia, o trio das mamães Noel e, por fim, a diabinha com tridente e tudo.

- É isso mesmo, até o tridente a nega vai usar. – Peraí, como é isso? Capa, tridente, chifrinhos? - Mas é lógico que a minha amiga vai arrasar nesta festa, só vai dar “nois na fita”.

- Eita, que fita é esta? Não entendi nadinha. – Acorda, lesada, deixa de ser sonsa, a minha amiga é muito esperta, ela vai se dar bem com a mulherada.

- Hein, como assim? - Aiii, a tonta não entendeu ainda. Ela é lésbica, mulher!

- Vamos logo ao que interessa, euzinha aqui vou de mamãe Noel.

- Nega vamos abalar “Bangu”, que dizer caju.

- Mulher, afinal é Chatuba ou Caju?

- Chatuba, caju, não atrapalhe meu raciocínio, estou no processo de criação.

- O celular toca. Mas já comprou o tridente? Mulher, é mesmo? Grande é?

- Minha nossa, tu é suja menina, não quero nem pensar, isso vai dar uma lafusa!

- Eu havia sido convidada a participar dessa festa fantasiada de mulher árvore. Teria sido uma festa inesquecível. Imagina só, eu na Chatuba vestida de árvore! É , mas o medo falou mais alto e acabei declinando do convite.

- No dia seguinte, curiosa para saber dos mais sórdidos comentários da festa, não dava pra agüentar a curiosidade, fui logo perguntar.

- Amiga tu não sabe o que perdeu, olha era beber cair e levantar, menina foi até o dia raiar, o sucesso da festa foi a minha amiga do tal tridente.

- Foi, é? Uai, o que tem o tridente? Mas me conta. Já tava com urticária pra saber, claro que segurei a onda, descaradamente disfarçando.

- Bafão, mulher eu assim, linda de mamãe Noel, o diabo do ex tava doido, queria tirar minha sainha no dente de tanta raiva, eu disse: vem, tu vai tomar na cara. Eu sabia que isso ia dar história, minha amiga vestida de diabinha com seu tridente arrasou, sucesso total, até a mulher samambaia com aquele biquíni enfiado lá dentro perdeu feio pra ela, é isso mesmo que tu tá ouvindo.

- Sério, como assim? Ela deve ter chamado atenção por causa da fantasia de diabinha, capa, tridente, né?

- Exatamente, essa parte aí mesmo, o tamanho e a grossura do tridente da bicha deixou a mulherada doida, era um tal de : deixa ver, posso olhar? Minha amiga que não era boba, dizia: vamos te mostro ali, é liso e grosso tu vai gostar.

- Amiga, o que tem de homem brochando por aí, começando pelo finado que tu sabe da história, a mulherada tá que tá, a coisa tá feia, o negócio é vuco-vuco, o resto, como diz a florzinha, é tudo lucro nega. E tu não se faça de besta, não, se tivesse ido de árvore nem tu tinha escapado.

- Tá doida, amiga? Me tire dessa, eu hein! Cadê os homens? Meu Deus, o que fazia vendo tudo isso?

- Nem me fale, nem me fale, meus amigos gays queriam disputar a tapas o maldito tridente, tive que organizar a festa, tá pensando o que? Só se eu não me chamasse mulher furação, te digo uma coisa: Mulheres unidas jamais serão vencidas.

Maria Mendes
Enviado por Maria Mendes em 24/11/2008
Reeditado em 25/11/2008
Código do texto: T1301665
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.