Segredos Ocultos

Segredos Ocultos

Quem procura sempre acha, até inspiração.

Mulher delicada na sala de bate papo arriscou entrar.

O que presenciou nada foi de espantar,

Tem de tudo lá. Gente boa, difícil é encontrar.

Ao invés de conversar, a galera começa a se xingar.

Os que tentam ser normais são chamados de animais.

Começou o passeio virtual, entra ali, sai daqui.

Até parar em uma sala casual, parecia alto astral.

Mulher delicada entrou ficou a observar.

Quem sabe uma conversa pudesse arriscar.

De cara os nicks chamaram atenção.

Melhor não falar, o horário pode censurar.

Biankinha travesti. Parecia se divertir com a situação,

Notava-se na empolgação, até entrar o tal com nick

Com P. D.M sem dor. Foi direto na biankinha mandou a letrinha

- O que menino, é isso mesmo sem dor? Loucura, se é assim eu sou sua escrava, uiiii,

- Com P.D.M sem dor, não se conteve foi na m. delicada:

Que delicia m.delicada hum quer experimentar? Vem amor!

- Mulher delicada. O que moço? Não, tô só espiando, quero não, obrigada.

- Biankinha gritou, eu quero, eu quero. O que hein? Minha nossa.

Meu bem, isso tá errado, essa sua concordância verbal é de matar.

- Mulher delicada. Eu falo. Não, não, não vou falar. Contorceu-se ai.

Não agüentou, para biankinha em off: Tenho a leve impressão que ele quis dizer sem DÓ.

- Biankinha, sem modéstia, no aberto escancarou: Amiga é isso mesmo, esses idiotas entram e não sabem falar nem escrever, fazer o que? Eu quero é mais, saiu corrigindo, a confusão continuou.

- Mulher delicada: Ops! Lascou, a sala inteira viu que ela respondeu algo que mandei no reservado, ih! Agora que são elas.

- Com P.D.M sem dor não perdeu a oportunidade, então princesa, já pensou? Tenho certeza que tu vai adorar.

Enquanto isso, as mensagens no reservado da m.delicada chegavam aos montes, cada coisa do arco da velha, lia o que recebia, sem responder ficou. Biankinha aproveitou para desabar com detalhes os embaraços da profissão.

- Biankinha. Amiga se te contar não vai acreditar.

- M. delicada. Morrendo de rir do lado de cá. Sério? Conta, eu acredito.

- Biankinha. Minha mãe sempre dizia que eu seria um grande ator, igual de filme Americano, ela tinha razão, tem que ser um grande artista para aturar esses palhaços.

- M. delicada. Como assim, querida? Porque fala isso? Seus clientes te maltratam? Pode desabafar.

- Biankinha. Nada, amiga, é psicológico mesmo cada cliente eu invento uma fantasia é como atuar entende? Como estivesse em um palco.

- M.delicada. Posso imaginar, isso que digo, grande palco da viva real, você tem que cantar, assoviar e chupar cana.

- Biankinha. Querida, o pior ainda está por vir, o cara vem de terno e gravata quando tira as calças a criatura está de espartilho vermelho, faz pose e pergunta se gostei, se tô com tesão. Eu fico morrendo por dentro de vontade de rir, é patético, faço caras e bocas e digo: Tá um arraso, amei nem.

- M.delicada. To boba, aplausos para você biankinha, isso que é show de interpretação o resto é bobagem. E ainda tem que fazer bonito, ser macho né, nega?

- Biankinha. Pois é, agora me diz, eu não sou um excelente ator? Ainda por cima tenho que arrancar a praga do espartilho com os dentes.

- M.delicada. Ah, coitada, tem um lado bom, pior seria que fosse arrancar o espartilho com dentadura, ai sim, seria uma desgraça.

- Biankinha. Não é mole não, foda são os que vêm com fantasia de celebridades, teve um que queria ser Priscila Rainha do deserto, o cretino trouxe tudo menos a peruca, adivinha? Tive que emprestar a minha. São ossos do oficio, é cada um que me aparece. Um dia escrevo a biografia. Os segredos ocultos de um travesti. O que uma mulher delicada faz aqui?

- M.delicada. Ah, isso eu posso contar, às vezes é preciso sair do castelo, conhecer o mundo real, pessoas legais como você, esta visão do mundo que a sociedade desconhece ter, nem tudo é o que parece ser. Navegar é preciso.

- Biankinha. Ah ta, depois a louca sou eu, gostei muito de você criatura.

- M.delicada. Obrigada Biakinha. Foi gratificante conversar, observar é uma forma de aprender, palavras não são ao vento, essas vão eternizar. Querida, se cuide, ADEUS.

Maria Mendes
Enviado por Maria Mendes em 27/12/2008
Código do texto: T1354347
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