Saciando a sua vontade, matando o seu desejo.
Você me encontrou perto de uma banca de camelô, olhou-me detidamente e segurando-me avidamente pelas mãos, deliciosamente me cheirou.
Você encostou sua boca na minha vestimenta, sorveu sofregamente meu cheiro e me levou para um beco escuro numa noite escura de uma cidade vazia.
Você, delicadamente abriu o fecho que me prendia, me liberou e mais uma vez você soltou seu bafo quente na parte macia do meu corpo. Você começou a deliciar-se comigo. Você me usou.
Seus olhos ficaram vidrados, seu corpo estático com profundas sensações de delícias, seu coração pulsava cada vez mais alto e seu instinto animal pedindo cada vez mais.
Você me sugava, mordia, molhava-me de saliva em completa alucinação. Já fazia tempo que você não sentia essa sensação.
Você foi ficando cada vez mais delirante, mais afoito, rolava-me em suas mãos e seus dedos me acariciavam em louca sedução.
Eu fui impregnada com seu gosto, sua saliva me molhava, eu sentia o calor de sua língua e o descompasso de seu coração.
Aos poucos eu também fui tomando você e minha seiva já corria pelas suas veias, matava a sua sede, aplacava a sua vontade. Lentamente eu também deixava meu cheiro incomum em suas mãos, no seu bigode, nas suas roupas, em todo o seu corpo.
Eu também, lentamente me acabava.
De repente, sem ao menos dizer um simples adeus, numa fugaz nuvem de fumaça você me arremessou numa molhada e suja sarjeta.
Um carro estacionou, você entrou nele e sumiu na noite escura de uma cidade vazia.
É sempre assim, eu não me importo, não é a primeira e nem a última vez que isso ocorre comigo.
Eu não ligo e você também não deveria se importar, afinal quem é que vai se importar comigo. Sou apenas um cigarro, produto de um maço de produtos de tabaco que virou bituca. Só isso !!!
Guilhermino