AS LEIS SÃO DURAS,MAS...
Cavalheiros muito elegantes tomavam chá,na Colombo,ás cinco da tarde;os brioches,como sempre, estavam deliciosos e a tortinha de chocolate com sorvete,deliciava os convidados.
A tarde estava fresca,o Cristo do Corcovado abençoava a todos,pois,morando há tantos anos no Rio já tinha visto de tudo e a todos perdoava.Como não ser transgressor numa cidade assim?Quente,sensual,maravilhosa,o amor estava no ar!Cristo era sábio.
Bem,os cavalheiros conversavam quando entrou outro cavalheiro elegantíssimo,que os cumprimentou amavelmente e foi direto para a mesa do senador Alencar.
-Que safado!rugiu um dos presentes.Vem gastar aqui,sem drama de consciência,e à larga,o que a mulher surrupia dos outros.
Estávamos nos anos quarenta e a conversa voltou-se para certos hábitos sociais.
-É triste a degeneração dos costumes,no Rio,observou o velho professor.Senhoras muito pobres vivem cobertas de sedas e jóias e o marido parece ser o único que não vê...Nunca perguntou de onde veio todo esse luxo,até se beneficia dele,descaradamente.
Um dia,a mulher some com o “patrocinador” ou com outro mais rico e,aí,os chifres doem e eles querem matar e arrebentar...e com um tom de desprezo na voz:-cornos!
-É isso mesmo!não há mais moralidade nem respeito,sentenciou o juiz aposentado,que ,por acaso,sustentava uma destas.
O Dr.Jonas,diplomata de carreira,entrou no papo:-Aqui devia ser como num pequeno reino da Ásia;quando a mulher desonra o marido a lei pune o sedutor,porque abusou da inocência da dama.Agora,se a mulher for useira e vezeira em “saltar a cerca”,a lei vai em cima da mulher,que é punida com 50 chibatadas.Mas,disse ele,mexendo o açúcar do seu chá-mas-se a mulher for reincidente,tiver três ou mais amantes,o punido é o marido,pois com certeza foi complacente e cúmplice;nesse caso,está provado,que o chifre lhe faz bem.100 chibatadas nele,além do repúdio social.
-Que leis maravilhosas! Disse o juiz;aí está,estes bárbaros,dando lições aos civilizados.Muito bem!Agora,se essa lei fosse adotada aqui no Rio...
Deu uma gargalhada homérica que fez todos os presentes olharem para ele:
-Quanto marido processado,caramba!...
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 10/02/2009
Código do texto: T1431571
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