O JORNALZINHO SENSACIONALISTA

Certa vez, em Belo Horizonte, andando pela Praça 7, parei em uma banca de jornais, junto com uma porção de desocupados, que ficavam "peruando" os jornais, isto é, lendo-os sem ter que comprá-los. Tive minha atenção atraida por um jornaleco, imitação grosseira de "O Pasquim", que manchetava em letras garrafais:"Levou 21 facadas e morreu de morte natural" comentei com um cidadão a meu lado:

-Ah, esse cara deve ser gente boa, deve ser algum político.

O Jornal ainda dizia: "Comeu o Fígado do pai"

Eu comentei:

-Gente, se espremer este jornal, sai sangue.

Resolvi comprar o jornal, atraido por tamanhas aberrações jornalisticas. Paguei um cruzado novo e abri o jornal que tinha baboseiras como:

"Sarney encomenda dois caminhões de papel higiênico para o palácio do planalto para limpar suas cagadas".

Fui direto às manchetes que me atrairam a atenção. Em uma das páginas estava escrito em letras garrafais: "Levou 21 facadas e morreu de morte natural" logo abaixo, em letrinhas míudas, estava escrito: "Também com tantas facadas não era natural que morresse?"

E a outra manchete: "Comeu o fígado do pai" li: "Joãozinho Esga Nifado, no jantar de ontem, além de comer quase toda a comida da mesa, ainda comeu o bife de fígado, do pai que ainda não jantara"...

As manchetes eram um engodo para atrair a atenção de trouxas como eu...

Nem preciso dizer que embolei o jornal e o atirei na primeira lata de lixo que encontrei...

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Condensado do livro "Historinhas, contos e causos" do autor.