O gás maldito

    Joãozinho sabia que não podia comer ovo cozido, mas naquele dia não resistiu. Saiu de casa para ir na escola peidando igual a um condenado. Peidou na sala de aula, aproveitando-se do barulho da classe. Segurava enquanto a turma ficava em silêncio. Ardia-se de vontade de soltar um bem quente e fedorento. Voltava a bagunça, ele se fazia e largava o bode.
   
    No caminho de casa, só fazia se aliviar. Chegava a cheirar a enchofre. Chegando em casa, sabia que não podia peidar na frente de sua mãe, senão entraria na porrada. Antes de chegar na cozinha, sua mãe lhe segura e diz que o jantar é especial. Coloca nele uma venda e o leva para a mesa, dizendo que será o seu favorito.

    O telefone toca atrapalhando aquele momento tão singelo. Sua mãe o faz prometer não tirar a venda do olho até que ela volte. Ele promete e sente a barriga apertar com uma reviravoltas macabras.

    Enquanto sua mãe está ao telefone, Joãozinho vê-se diante da oportunidade de ouro de soltar seu metano. Levanta suavemente a perna direita e manda brasa. Caprichado. Empestiou toda a cozinha.

    Na ausência de sua mãe, sabendo que está estava ao telefone, repetiu a operação umas três vezes. Sempre movimentando o seu braço de um lado para o outro tentando amenizar o cheiro de cadáver que se dissipava pelo ambiente.
 
    Ao ouvi-la encerrar a conversa e se aproximar, trancou o rabo e se conteve. Sua mãe pergunta se ele cumpriu a promessa de não retirar a venda. Diz que sim.

    Agora, diz mamãe, é :



    "SURPRESA" 



    "FELIZ ANIVERSÁRIO!!!" - Grita a mais de uma dúzia de convidados presentes...



Prima
Enviado por Prima em 31/03/2009
Código do texto: T1516205
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