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A JARARACA USADA...FALAVA !


   Hoje venho aqui neste recanto para contar-lhes um pequeno ,mas muito significante  fato acontecido comigo há alguns anos atrás . Recebi o telefonema de uma das colunáveis de minha garbosa ,mas mísera cidade, e ao atender o telefone, senti a empáfia contida na voz da madame, que se apresentou como ,Fulana de Tal e, que necessitava da minha presença em suas terras ,para orçar-lhe um sistema de segurança contra roubos. Marcamos o encontro em seu apartamento , pois seu motorista particular estaria a nossa espera para levar-nos ao local; a sua fazenda. 
   Sou formado em eletrônica e tenho uma pequena empresa no ramo. Por ser uma pessoa muito conhecida e relacionada, ao me dirigir ao apartamento encontrei com um amigo de longa data e contei-lhe para onde estava indo. Foi quando ouvi esta frase , curta, objetiva e grossa:
   - Olha bem onde tu vais te meter. É dose para elefante. Depois não vai dizer que não te avisaram.
   Nos despedimos uma quadra antes, pois deixei meu carro numa das garagens de estacionamento mais próximas do local marcado à saída e   depois tive que aturar 50 km de tanto blá blá blá e tantas recomendações que já me sentia arrependido por ter ido. Mas sem nenhuma falsa modéstia, sempre fui bem educado e paciente, mesmo nas situações mais esdrúxulas. Chegamos ao local, fiz o levantamento do material necessário e voltamos a nossa cidade, com a promessa que no outro dia e teria o valor do orçamento para lhe entregar.
    Não era 8;00 da manhã do dia seguinte e eu já estava recebendo telefonema da madame me cobrando o orçamento. Como eu já tinha idéia de valores e com quem estava tratando : cobrei o dobro e mais alguma coisa do valor real. Pois não queria fazer o serviço e com os preços que cobrei achei que ela desistiria. Que nada, meio resmungando aceitou! Só algum tempo depois é que fui saber a razão: Eu tinha feito para uma vizinha dela e ela morria de inveja da vizinha. Tirando o fato que meus dois funcionários e amigos passaram o pão que o diabo amassou nas mãos dela, o restante transcorreu normal. Agora a maneira como ela se comportava com o próprio marido já era digno de nota; que dirá com os outros.
    Passado alguns meses, um novo telefonema me tira a tranqüilidade de uma tarde de domingo:
    - Alô!...Alô!...É o seu Gildo, aqui é a Fulana, estou lhe telefonando para que o Sr. vá lá na minha fazenda agora, pois o sistema não está funcionando!
   - Sinto muito Dna Fulana, mas não posso ir hoje, já tenho compromisso assumido e não tenho como adiar. Amanhã irei lá bem cedo.
 - Tudo bem, mas se acontecer alguma coisa ,o Sr. é o responsável viu! - E desligou o aparelho.
 No outro dia bem cedinho, peguei minhas ferramentas, material necessário ,liguei o carro e parti para a fazenda. Constatei ao chegar  que havia caído um raio e tinha danificado diversos aparelhos eletroeletrônicos, incluído um setor da central de alarme. Consertei o sistema parcialmente ,pois os cabos passavam pelos postes do campo e eu não tinha levado um ajudante nem escada alta.
 Cheguei de viagem e o telefone tocou. (parecia que ela estava de binóculo me cuidado) Minha senhora atendeu e passou para mim:
   - Alô !...Seu Gildo? O Sr. Já foi na minha fazenda?
   - Acabei de chegar nesse exato instante dona Fulana!
 - E o Sr. consertou  todo o sistema ?
  - Em parte Dna Fulana, em parte!
 - Como em parte ?...quer dizer que o Sr. vai ter que voltar lá?...
 - Vou e vou ter que lhe cobrar, a viagem, as peças e o serviço!
  - Mas só se o Sr. é louco, pois tem garantia!
 - Onde foi que a Sra. descobriu garantia para raios ?
   - Eu não vou pagar nada e bem que já tinham me dito que o Sr. colocava peças usadas !
   - Bem Dna. Fulana , que eu saiba, usada lá tem é a Sra... E pelo visto muito mal !!!
   Pela primeira vez em minha vida fui grosseiro, mas o sangue havia subido muito repentinamente e aquela dondoca não tinha o direito de me ofender. Estava ainda envolto nos pensamentos quando toca o telefone novamente e meio contrariado atendi achando que era ela. Mas não ...era o marido que já foi me dizendo:
    - O que aconteceu Sr. Gildo ,que minha senhora foi ofendida?
    - O Sr. tem coragem de me dizer que a jararaca foi ofendida? Ela é quem me ofendeu dizendo que eu tinha colocado coisas velhas e usadas lá na fazenda e eu apenas respondi ( o sangue estava fervendo) que usada lá, havia era ela ...e muito mal. Pois tratava todo mundo como capacho. Quando eu já ia perder as razões que nessas horas a própria razão desconhece, ele calmamente me disse:
    - Tudo bem seu Gildo, eu lhe pago na segunda-feira, mas por favor vá lá resolver o problema, se não, a jararaca me morde.  
      Ficou tudo bem entre eu e ele, que logicamente conhecia a índole da esposa(só de nome) e me pagou religiosamente o serviço. Mas nunca mais voltei lá . E não foi por ela não ter vindo alguns meses depois na maior cara de pau, querendo me contratar outra vez. Deus me livre! ...Sai prá fora cobra d’água! ...

Gildo G Oliveira
Enviado por Gildo G Oliveira em 07/07/2009
Reeditado em 07/07/2009
Código do texto: T1686440
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