VENDENDO O FUSQUINHA
Eu tinha um fusquinha vermelho, que usava para ir a meu pequeno sítio na Mata da Oncinha. O fusquinha era valente, era o único carro que conseguia chegar lá em época de chuva. A estrada virava verdadeiro lamaçal. O carrinho apesar de bem cuidado, foi sentindo o peso dos anos. A lataria em péssimo estado, algumas partes coladas com epox, os pneus carecas, queimando óleo 90, um dos faróis quebrados, uma das portas não abria e a outra não fechava direito.
Resolvi vende-lo e comprar outro em melhor estado. Dei uma “guaribada” nele, levei-o no lavajato para dar uma geral, dei uma polida, e coloquei uma placa nele com os dizeres “Vende-se” e o estacionei em um lugar estratégico de muito movimento. Um curioso aproximou-se e perguntou se ele puxava muito. Eu respondi:
-Puxa um pouco para a esquerda. Ele respondeu:
-Não, eu perguntei se ele tem potência.
Respondi rindo:
-Ah, sim ele “desce” todos os morros de quarta...
Deixei o número de meu telefone para que um possível comprador me ligasse.
Não apareceu nenhum interessado. Á tarde fui buscar o veículo. Um engraçadinho escreveu à caneta debaixo da placa de vende-se:
“Ou troco por um balaio de cascas de amendoim”.
Fiquei furioso e rasguei a placa. Escrevi outra maior:
“VENDO”.
No outro dia estacionei o carro no mesmo lugar, e também não apareceu nenhum interessado. Ao buscar o carro, notei que o mesmo filho da puta havia escrito embaixo:
“DUVIDO!”
* * *