O CAMELÔ QUE FALAVA MAIS DO QUE O SILVIO SANTOS

Todo ano no povoado de Tabocas, Abaeté-MG, acontece a festa de Santo Antônio padroeiro do distrito. Quando eu era rapazinho, fui a uma festa superou todas as outras, o festeiro era um coronel reformado da policia militar. Ele trouxe a banda do seu batalhão de Belo Horizonte, para abrilhantar a festa. Foi um sucesso. O povoado ficou lotado, vieram caravanas de todos os lugares. Barraquinhas, bares, rodas de viola e a tradicional fogueira de 15 metros de altura. Vieram camelôs da capital com uma grande variedade de mercadorias: óculos escuros, bijuterias, bugigangas de todas as espécies. O pessoal da zona rural fez uma festa, tudo era novidade. Entre os camelôs que queriam empurrar com sua lábia as mercadorias aos otários, tinha um que se destacava: falante, extrovertido, mexia com todos que passavam:

-Moça bonita não paga, mas também não leva...

-Pode pegar e examinar, só não pode é levar sem pagar...

Ele vendia os mais variados artigos: roupas, meias, malas, bolsas, sandálias. Em dado momento ele gritou:

-Vamos levar, freguês, temos camisolas, camisas e camisetas...

malas, malinhas e maletas... bolsas, bolsinhas e ...sandálias de dedo!

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