O CASAL DE DOIDOS QUE SE CASARAM NO HOSPÍCIO

João doido morava no hospício. Fora recolhido pelas ruas onde perambulava, pelas autoridades municipais e internado lá. Como não tinha parentes foi ficando por lá. Era surdo mudo e tinha deficiência mental. Era dócil e bem humorado. Fazia pequenos serviços como varrições e cuidava do jardim. Era muito querido pelos médicos, enfermeiros e funcionários. Certo dia chegou ao hospício uma mulher com problemas mentais, logo sendo batizada de Maria doidinha. Maria viu o João e a simpatia foi recíproca. Começaram a namorar, andavam de mãos dadas pelo jardim e corredores. Um amor puro e casto. Logo sugeriram ao padre que celebrava missas na capela do hospício, que os casasse. O padre relutou, alegando que casamento era coisa séria, e que eles não estavam preparados. O médico disse ao diretor que os casasse, que seria apenas um casamento simbólico, que havia entre os dois um amor platônico, que durante quase trinta anos que ele estava lá, nunca viu qualquer manifestação de excitação sexual por parte do João, ele garantia que João era completamente impotente.

Finalmente o padre concordou, fizeram o casamento com direito a vestido de noiva, salgadinhos e refrigerantes. Na noite de núpcias prepararam a alcova para os noivos, com direito a pinico debaixo da cama. Como caiu uma tempestade, o diretor convidou o padre a dormir lá mesmo. Ficaram os dois bebendo vinho na sala do diretor e quando foram dormir, passaram em frente ao quarto dos nubentes. Ouviram um grito estridente da noiva:

-TIRA QUE EU QUERO MIJÁ!...

O padre arregalou os olhos e disse:

-O senhor disse que ele era impotente, olha a encrenca...

O diretor coçou a cabeça, incrédulo. A mulher gritou de novo:

-TIRA QUE EU QUERO MIJÁ!...

Ficaram os dois se entreolhando sem saber o que fazer. A mulher gritou mais alto:

-TIRA QUE EU QUERO MIJÁ!...

Resolveram agir, o diretor meteu o pé na porta e arregalou os olhos ante o que viu:

João doido havia colocado o pinico na cabeça como se fosse um chapéu e corria ao redor da cama sendo perseguido pela Maria...

* * *

HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 15/12/2009
Código do texto: T1978887