Dona de casa entediada recebe...

Eu sei que ninguém me perguntou nada, mas se eu tivesse que dar um conselho a noivas e mocinhas casadoiras de um modo geral, eu diria que não abandonem nunca as suas carreiras profissionais em troca de cuidar de marido, de filho e de casa. A recompensa na maioria das vezes não vale a pena. Eu digo na maioria das vezes porque, nunca se sabe, pode ser o caso de a carreira profissional ser dura e mal remunerada, enquanto a vida que o marido oferece ser rica, confortável e próspera, bem estruturada, com empregada, cozinheira, passadeira, babá e repleta de afazeres interessantes como compras, viagens internacionais, academia, salão de beleza, essas coisas... Ah! Mas não convém se iludir, não. Com certeza, se for esse o caso, isso será apenas uma daquelas tais exceções que só servem pra confirmar as regras. E um golpe do baú, ainda que seja uma prática que os moralistas condenam, na minha opinião não deixa de ser um recurso válido. O único problema é que um baú que realmente valha a pena é tão raro... e, por isso mesmo, tão disputado!... Então, o conselho que eu dou é este: meninas, não larguem seus empregos por causa de um casamento.

Eu falo por mim. Procurem conciliar as duas rotinas da melhor maneira. Sob o risco de virem a se tornar simplesmente “do lar” e um dia se verem rotuladas como “donas-de-casa-entediadas”, que é exatamente como, no fundo, todas nós acabamos nos sentindo.

Nos dois primeiros anos do casamento, as coisas todas correm às mil maravilhas... e se não correm, pode acreditar, só vão piorar. Melhorar, nunca! Eu sei o que estou dizendo.

No começo, o Ronaldo não podia me ver fazendo alguma tarefa doméstica que ficava logo tarado. Se eu me abaixasse pra ver o bolo que estava no forno, ele vinha por trás e a gente é que acabava embolado no chão da cozinha. Se eu estivesse picando legumes, ele chegava trazendo o nabo dele. Se por acaso eu estivesse no tanque, lavando roupa, ele avançava com aquele canhão. Era uma loucura! Nós não fazíamos outra coisa.

Pelos meus afazeres, deve ter dado pra notar que eu não me enquadro em nenhuma daquelas exceções que confirmam a regra, não é verdade?... E com tanta atividade, não demorou muito pra eu engravidar... Foram três vezes em cinco anos de casada. Aí, depois, com os filhos, a nossa rotina mudou bastante. As posições domésticas continuaram excitando o Ronaldo, mas nunca mais nós pudemos nos espalhar à vontade pelo chão da cozinha, pela área de serviço, pelo tapete da sala em plena faxina de sábado, como fazíamos antes. Nós passamos a transar somente de noite, depois de as crianças terem dormido.

Com o tempo, além do horário ingrato, a nossa disposição também foi diminuindo... a entrega já não era mais a mesma. Bons momentos só aconteciam mesmo quando voltávamos de alguma festinha de aniversário ou coisa assim... Excitados pelo álcool, com as crianças pregadinhas de sono, nós tirávamos o atraso... Era quase como nos velhos tempos...

Só que infelizmente essas festas não aconteciam com tanta freqüência... E aí, percebendo que o álcool era um aditivo primordial pra excitação dele, o Ronaldo começou a vir pra casa sempre embriagado... e então ele praticamente me violentava. Eu não sei se pra ele aquilo era bom. Pra mim era horrível... era humilhante.

Resultado: aos 42 anos e com três filhos, eu me tornei uma mulher mal amada e infeliz. E o pior: totalmente dependente do marido.

Algumas amigas me sugeriram que eu arrumasse um emprego. Outras me sugeriram que arranjasse um amante. Eu pensava muito nessas duas propostas e, um dia, folheando o caderno de classificados de um jornal, procurando trabalho, me deparei com uma outra seção onde havia um pequeno anúncio que apresentava uma situação que abrangia perfeitamente as duas sugestões feitas pelas minhas amigas. O anúncio dizia assim: “Dona de casa entediada recebe rapazes e senhores...”

Foi um susto. Minhas pernas chegaram a bambear. Mas o sobressalto não foi por encontrar uma nova possibilidade de vida pra mim, alguma coisa como um misto de emprego e lazer. O que me assustou mais foi ler num anúncio de jornais, e logo na seção das massagistas, a mais perfeita definição sobre a minha própria existência... Dona de casa entediada.

Pra eu conseguir um emprego me faltavam bons contatos e uma boa dose de autoconfiança. Eu não me sentia preparada, depois de quinze anos sem trabalhar. Pra conseguir um amante, então, o meu despreparo era absoluto. Isso nunca tinha me passado pela cabeça. O Ronaldo é o segundo homem da minha vida. Ele apenas não me tirou a virgindade, embora até hoje pense que sim. Um namoradinho que eu tive antes cumpriu essa missão que eu lhe tinha designado... sem que ele soubesse, é lógico! Me desvirginou lá em Araruama, num carnaval... o que, em todo caso, serviu ao menos pra que eu pudesse dizer pras minhas amigas que também não era mais virgem. Só que o garoto era tão bobo e inexperiente que, além de não notar que aquela tinha sido a minha primeira vez, ainda desapareceu logo depois que nós voltamos pro Rio. Deixou ainda alguns restinhos do cabaço, que seis meses depois o Ronaldo arrebentou definitivamente. E casada, eu nunca tinha traído meu marido, juro!...

Um dia eu levei um choque. Surpreendi o Ronaldo passando a mão na empregada lá de casa, enquanto ela mexia uma panela no fogão... A aceitação da piranha, uma mulatinha nordestina de vinte anos, mostrou que aquilo já devia ser um costume. Quanto mais ela mexia a panela, mais rebolava e mais o desgraçado se servia. Uma coisa escandalosa! Eu fiquei transtornada.

– Mas o que é isso que tá acontecendo aqui? - eu gritei, interrompendo aquela sem vergonhice, aquele descaramento.

A piranhazinha ficou completamente constrangida. O Ronaldo ainda tentou disfarçar, mas não teve como se defender. Só se ele dissesse que aquilo no bolso dele era uma cenoura...

Nesse dia nós tivemos uma discussão muito séria. O Ronaldo me pediu mil desculpas, disse que me amava e, pra aproveitar a ereção que tinha conseguido graças ao remelexo da negrinha, quis me levar pra cama. Aquilo foi a situação mais humilhante que eu já passei na minha vida!... Eu acabei cedendo... Estava carente, há várias semanas ele não me procurava...

Mesmo assim, o absurdo daquela situação me impediu de sentir qualquer prazer. No fim, quando o Ronaldo devia estar pensando que tinha conseguido me enrolar, eu resolvi me impor. Disse pra ele que ia mandar a empregada embora. Era o mínimo que eu podia fazer. O que ele queria, que eu me sujeitasse? Mas não é que o desgraçado ainda relutou... Nunca vi tanto descaramento. Mas, diante da minha posição inarredável, ele acabou concordando. Só que disse que ele próprio se encarregaria de despedir a vagabunda. E pra isso o cachorro passou quase uma hora fechado com ela no quartinho de empregada... acertando as contas, como ele me falou depois.

Aos homens é permitido tudo. É óbvio que o Ronaldo me traía com outras mulheres. Na minha cara, aquela foi apenas a primeira vez. Quando ele me deixava sem sexo por até dois meses, como já aconteceu, lógico que ele não estava também se privando. Devia estar se metendo com alguma vagabunda qualquer por aí. E a rigidez que eu encontrei nele naquele dia, excitado com o tempero da empregada, não deixou nenhuma dúvida: o meu marido tinha perdido completamente o interesse por mim. Duro daquele jeito eu não o via há muito tempo!

Mas os filhos, a falta de perspectiva em caso de vir a me separar, a total dependência financeira, essas coisas todas fizeram com que eu me acomodasse e não acabasse com o meu casamento, embora na prática o dia-a-dia já tivesse se encarregado de acabar com qualquer ilusão. A mim só restava seguir o conselho das minhas amigas... Me vingar, encher de chifres a cabeça daquele desgraçado.

Só que tinha um pequeno problema... Eu nem sabia direito como se faz uma coisa dessas. Mas o destino se encarregou de me ajudar. Surgiu uma excelente oportunidade quando precisamos de alguém lá em casa pra fazer um serviço de encanador... Ai! Essas metáforas... E eu que pensava que essas coincidências não acontecessem na vida real... Qual!... A pessoa que o Ronaldo contratou pra fazer o serviço era pouco mais do que um menino, um rapazinho que não devia ter nem 20 anos... Lógico! Sovina como ele é, o Ronaldo não ia querer pagar um profissional, achou melhor contratar um aprendiz...

De manhã cedo, o operário apareceu lá em casa pra começar o trabalho. Era um mocinho muito branco, alto, de braços fortes e mãos enormes. O nome dele era João. Ele ganhava por hora, mas trabalhava com disposição e quase nem conversava...

Não sei o que me deu, mas a presença desse moço cheio de vitalidade, visivelmente viril, vestido com uma camiseta sem mangas, grudada no corpo suado, trabalhando silenciosamente, confesso que mexeu muito com a minha imaginação. Aqueles pés enormes dele, pisando descalços o chão da minha casa... Aquelas pernas fortes, ágeis... Ai!... Fiquei muito impressionada, muito mesmo... Um monte de idéias malucas me veio logo à cabeça... Eu só pensava numa coisa: É hoje, é hoje!...

Numa hora lá, eu deslizei pela cozinha, onde ele estava trabalhando na hora, e fiquei olhando sem o menor recato... secando mesmo, sabe como é? Aí eu comentei com ele assim, bem oferecida.

– Gosto de ver gente trabalhando assim desse jeito, com eficiência e sem estardalhaço...

Ele estava ajoelhado junto à pia e me olhou assim, de baixo pra cima, de um modo, sei lá, tão intenso, que eu me senti completamente nua... Nua não só no sentido de sem roupa. Nua também no sentido de despida de todos os meus mais íntimos segredos... que, no caso, eram que o-meu-marido-era-um-canalha-um-galinha-muito-do-safado-que-não-me-respeitava-e-que-por-causa-disso-eu-estava-decidida-a-botar-um-belo-par-de-chifres-naquela-testa-dele-só-pra-ele-aprender... e de preferência hoje... se possível com um mocinho-com-carinha-de-inexperiente-assim-meio-tímido-meio-rude-que-não-fosse-de-falar-muito-pra-eu-não-ter-que-dar-muitas-explicações-mas-que-me-fizesse-gozar-bastante-como-eu-bem-merecia.

Eu estava quase sem ar de tanta emoção...

– Você trabalha muito bem.

É hoje, é hoje... Eu não parava de pensar nisso. O mocinho desviou o olhar, agradeceu e voltou ao trabalho. Ah, eu fiquei num alvoroço!... Mas toda vez que eu me aproximava pra puxar conversa, ele se mantinha daquele mesmo jeito, quieto, calado...

Na hora do almoço, eu tomei coragem e tentei uma nova investida.

– Jo-ã-ão... Você não vai parar um pouquinho pra dar uma comidinha, menino? Credo! Você taí a manhã toda com esse cano na mão... Bota esse cano em outro lugar... Vem comer alguma coisa...

Não sei se ele entendeu o que eu estava querendo dizer, mas nem o rosto ele virou. Tem gente que não entende uma metáfora, que horror!

– Já comi um sanduíche de mortandela que eu trusse de casa... – ele disse. – Tô case cabando aqui... A dona percisa sincomodá, não.

O dialeto dele era uma coisa!... Mas o que me incomodou mesmo não foi nem a mortandela... Foi o dona. Puxa vida!... Dona é forte. Acho até que madame ia me deixar mais feliz um pouquinho... Mas dona é dose, viu?... Quase que eu desisti. Mas pelo menos não e chamou de tia, ia ser a morte!

Como o moço trabalhava mesmo muito rápido, ele acabou o serviço logo, tanto na pia da cozinha, quanto na do banheiro. Lá pelas quatro horas, quando o Ronaldo chegou do escritório e viu tudo pronto, ficou todo satisfeito, pensando no dinheiro que ia economizar. Fiquei desolada. O mocinho foi se aprontar pra ir embora e o Ronaldo ficou passando revista no trabalho dele. Eu aproveitei enquanto o Ronaldo examinava o encanamento do nosso banheiro e fui lá no banheiro dos fundos, dar uma conferida noutra coisa. Quando eu cheguei lá quase tive um troço.

A porta do banheirinho estava entreaberta, o mocinho estava de costas e, olhando de longe, parecia que estava dando polimento em alguma ferramenta que estava apoiada em suas pernas.

Eu me aproximei um pouco mais. Estava curioooosa... Aí eu ouvi o mocinho gemendo. Fiquei com uma pena... Coitadinho, devia receber tão pouco... Também, burro. Pra quê trabalhar tão rápido?... Mas aí eu escutei o que ele estava dizendo enquanto caprichava lá no polimento:

– Qué dizê que a dona gosta de como eu trabáio?... A dona inda num viu nada... Vô lhe amostrá, uma coisa dona... Aqui ó...

Nossa!... Fiquei boba!... Não era nada de choro nem de polimento. O menino estava é... hum... me fazendo uma homenagem... Uma grande homenagem aliás. Poxa, não é lindo?... Eu pensando nele e ele pensando em mim... Achei isso é uma coisa tão linda, pura, lúdica...

A minha emoção foi tanta que eu me perturbei e acabei derrubando no chão um balde que estava na borda do tanque. Aí foi aquele estrondo!... Na mesma hora, o moço fechou a porta do banheirinho e eu corri pra sala, nervosa. Quase esbarrei com o Ronaldo, que vinha vindo chamar o moço pra acertar as contas.

Eu deixei os dois conversando e fui pro quarto, inquieta. Três minutos depois, antes que o Ronaldo liberasse o moço, rompi cozinha adentro, reclamando.

– Olha, eu não sei o que aconteceu, mas a pia do nosso banheiro está entupida!

O moço me olhou, espantado.

– O quê? Tupida? – ele perguntou lá naquele dialeto dele.

Eu acho que ele deve ter me achado uma doida, entrando assim aos gritos, feito uma histérica... O Ronaldo ficou logo todo preocupado...

– Você tem certeza, querida?

Aaarrgh!!... Querida, querida... Eu só era querida pra ele na frente dos outros... Cachorro!...

– Que foi? Você acha que eu não sei ver quando uma pia está entupida... que-ri-do?

O panaca foi direto pro banheiro conferir. Eu estava danada da vida. Minha respiração estava ofegante. Não gosto de me sentir desafiada. Encarei o mocinho, só pra ver se ele ia falar alguma coisa. Mas falar não era mesmo o forte dele...

O Ronaldo veio voltando, todo confuso, já pensando no dinheiro que ia ter que gastar a mais.

– É, João... Parece que ela tem razão... A pia tá entupida mesmo.

Ela, ela... A mulher dele, mãe dos filhos dele, ficava reduzida a isso. Ela... Hã!... Desgraçado!...

Como já estava tarde, o moço ficou de voltar no dia seguinte. Então eu passei a noite inteira inquieta. De manhã, levei as crianças na escola, despachei o corno pro trabalho e fiquei esperando. Estava tão nervosa... Quando ele chegou, eu senti um arrepio na espinha que parecia que ia me rachar ao meio. Ele estava vestindo outra camiseta, mas a bermuda era a mesma, curta, arroxada... Aqueles pés enormes dele, calçados com sandálias Havaianas, sobrando dedo pra tudo quanto é lado...

Guiei o mocinho até o banheiro da nossa suíte. Ele colocou a maleta com as ferramentas no chão e abriu a torneira da pia. Eu fiquei de longe espiando. Lá pelas tantas, ele levantou a cabeça e olhou pelo reflexo do espelho. Aí notou a minha presença.

– Espero não estar atrapalhando – eu disse.

O mocinho me olhou de cima a baixo, demorando especialmente nas minhas coxas, que estavam bem à mostra. Dessa vez, eu estava usando um vestidinho bem curto.

Ele fez assim uma cara de quem está fazendo um pequeno esforço pra pensar...

– Gozado. Parece inté quinfiaram alguma coisa nesse ralo...

Eu me aproximei logo, toda cheia de malícia.

– Não sei nem como. Aqui em casa ninguém enfia nada faz tanto tempo...

O mocinho me olhou meio assustado. Acho que ele devia estar esperando algum comentário menos técnico, digamos assim. Eu encostei as costas na parede de ladrilhos, ao lado da pia, e fiquei olhando pra ele. Em quinze segundos, voltei à carga.

– Jo-ã-ão... Você me acha bonita?

Ele balançou a cabeça e começou a tremer, totalmente sem jeito.

– Pode dizer. Você me acha bonita ou não?

Ele se remexeu todo, parecia até que estava dançando alguma dança nova dessas aí.

– Muito bonita, ô! A dona é bonita pá caramba!

É... Não foi nada assim espontâneo, nem um elogio muito refinado, mas aquilo me fez um bem... Fez, sim!... Aí eu perguntei pra ele, assim, na bucha:

– Você tem coragem de me dar um beijo na boca?

Era porque o ralo estava entupido, senão ele tinha entrado lá dentro pra se esconder. Nunca vi ninguém ficar tão envergonhado. Eu aproveitei e o encurralei contra a parede. Estendi as mãos e alisei aqueles braços fortes dele.

– Ah, João... Fui eu que entupi a pia, você não tá vendo?

Os olhos dele brilharam. O esforço que ele tinha feito pra raciocinar finalmente tinha sido coroado, suas suspeitas estavam certas!

– Foi, né? Eu sabia que tinham fiado alguma coisa qui dentro. Porque ónti eu...

Fui obrigada a cortar aquele papo.

– Ah! Cala a boca!

Nunca pensei que fosse dizer uma coisa dessas pra alguém que quase não falava. Mas também aquela não era hora pra ele mudar de estilo.

– Fui eu, sim. E daí? Vai fazer o quê? Tem coragem de me beijar ou não tem? Fala logo!

Bom... Falar realmente ele não falou, o que não foi novidade e, pra dizer a verdade, também não fez falta nenhuma. Mas, olha... Ele me pegou de jeito e me tascou um beijo que me deixou até meio bamba... Nossa mãe!... O moço estava mesmo na profissão certa. O beijo dele era um autêntico desentupidor de pia. E o negócio dentro da bermuda dele era uma verdadeira manilha! Fiquei completamente louca. Sabe como que é atraso, né?... Rasguei a camiseta, abri o fecho da bermuda e caí aos pés do moço, como se estivesse agradecendo... Aí já viu, né? Ajoelhou tem que rezar!... Nunca pensei que eu fosse capaz de fazer uma coisa daquelas. Nunca rezei tanto... Cheguei a me engasgar!

Até aí estava tudo bem. Na hora de tirar a roupa é que a coisa começou a desandar. No que ele viu a minha barriguinha 4.2, 3 filhos e mal amada, a manilha já apresentou um ligeiro desvio... pra baixo, infelizmente! Mas nada que impedisse a conclusão da obra.

Aí ele veio arrancar a minha calcinha com os dentes. Com certeza como deve ter visto em algum filme infame desses aí. Abriu o bocão e NHAC!... Tá certo, a minha barriga estava um pouquinho flácida, mas também não era nenhum manjar pra ele dar uma dentada daquelas. Resultado: me deu uma dentada e ainda por cima rasgou a merda da calcinha, que não é que fosse nova, mas era uma que eu gostava tanto. Ah! Fiquei danada da vida! Fiquei mesmo... mas não disse nada... Eu sabia que ele não tinha experiência nenhuma. Mas foi eu tirar a calcinha e ele veio pra cima de mim, pronto pra me furar com aquela britadeira assassina... Eu tentei me esquivar...

– João querido, pega a camisinha ali na gaveta, pega.

E adiantou? Nada. Ele veio, escancarou as minhas coxas e mergulhou em cima de mim. Parecia um trem desgovernado... Só faltou apitar... Piiiiiiii!!!... Encostou em mim, pronto! Me lambuzou toda. Que ele trabalhava rápido, eu já sabia... Mas eu nunca tinha visto ninguém tão rápido assim pra outras coisas... Não deu tempo nem do trem entrar, foi nos arredores do túnel mesmo... O garoto estava num atraso pior que o meu. Derramou foi um rio em cima de mim... Aquilo devia estar represado há séculos!... A cama ficou encharcada... Uma nojeira!...

Dessa vez eu não me controlei. Soltei os cachorros em cima dele. Poxa! Era a primeira vez que eu traía o meu marido e aquele traste me fazia sentir saudade do desgraçado?! Em dois minutos tinha me dado uma dentada, rasgado minha calcinha, me melecado as coxas e sujado a cama toda... Tudo isso sem me fazer nem uma cosquinha sequer... Fiquei histérica!

– Garoto! Olha só o que você fez! Não falei pra botar camisinha? Você é surdo por acaso?... Não sabe trepar, não?...

O garoto se encolheu todo. Literalmente.

– E o que é isso agora?... Ah, não... Não vem, não, João... O que é isso?

Não deu outra. O mocinho ficou tão sem graça que broxou, broxou todinho... Nunca vi ninguém broxar tanto... Aquilo só podia ser praga do desgraçado do Ronaldo. Só podia ser.

Mas eu não entreguei os pontos. Tá pensando o quê? Eu sou tinhosa. Tratei de encher de novo o balão.

Num instante, o moço estava prontinho pra recomeçar. Dessa vez eu peguei logo a camisinha e dei pra ele botar. Aí, pronto! Começou outra batalha...

Cadê que a camisinha servia? Não entrava... Ele era muito maior do que o Ronaldo. Aí foi aquele desastre... cada tentativa era uma epopéia. Assim não há ereção que agüente. Foi uma luta...

Eu fui ficando cada vez mais nervosa, me sentindo péssima. Doida pra dar pro mocinho, doida pra botar um chifre bem grande na testa daquele desgraçado do Ronaldo e... nada! Não teve jeito. Desisti.

E o pior foi o moço morrendo de medo de levar outro esporro, pedindo desculpa toda hora.

– Eh... Descupaí, dona... Descupa mermo... Tá?... Descupa... Pô, descupa...

Ah!!! Botei o garoto pra fora de casa e bati a porta com raiva. Arranjar emprego talvez fosse mais fácil.