Profissões no cotidiano

Até que ponto as profissões interferem em nosso cotidiano, a ponto de afetar nossas emoções e atitudes? Mais do que pensamos, certamente. Senão, vejamos:

O pintor não aparece: pinta.

O psicólogo não gosta: desenvolve afeto.

O arquiteto não admira a paisagem: examina o entorno.

O policial não cativa: prende.

O contador não compra um sofá novo: adquire um ativo fixo.

O publicitário não fala bem de ninguém: faz merchandising.

O músico não emociona: toca.

O médico não pede a conta: pede logo uma ressonância magnética.

O bombeiro não esquece: apaga.

O dentista não nos impressiona: ele nos deixa de boca aberta.

O estilista não se adapta: customiza.

O sociólogo não tem culpa de nada: a culpa é do sistema.

O delegado não desabafa: faz um B.O.

O químico não roda a baiana: provoca uma combustão.

O farmacêutico não é objetivo: coloca QSP.

O jornalista não dá palpite: redige um editorial.

O eletricista não se surpreende: toma um choque.

O geólogo não repensa seus atos: mede o estrago pela escala Richter.

O biólogo não guarda recordações: conserva-as em formol.

O engenheiro não escolhe: avalia a relação custo-benefício.

O administrador não pensa no futuro: desenha cenários.

O encanador não se decepciona: seus sonhos é que vão por água abaixo.

E, claro, o advogado, um tanto mais prolixo por força da profissão, não se declara apaixonado: faz uma petição em duas vias, na presença de duas testemunhas, com firma reconhecida, anexa um atestado de antecedentes e certidão negativa de pendências judiciais. Depois, desiludido, não termina com a namorada: entra com um pedido de habeas corpus...

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Habeas Corpus

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