Austeridade Rosa

_ Bom dia. Meu nome é professor Cleodézio Eráclito.

Escuta-se um discreto risinho no fundo da sala de aula do tradicionalíssimo Instituto Pederneiras.

_ Quero crer que este zumbido que chegou aos meus ouvidos, após ter dito meu nome, não é um risinho de deboche! Observa assertivamente o mais antigo e austero professor de matemática da escola.

_ KKKKKK. O risinho explode numa imensa gargalhada.

_ Quem riu, quem riu? Interpelou inquisitorialmente o catedrático dos cálculos.

Silêncio. O mais profundo silêncio. Um silêncio abissal. Ninguém da turma 902 ousou piscar os olhos.

_ Darei um minuto para o autor desta insolente gargalhada aparecer. Depois irei tirar um ponto de todos aqui.

_ Fui eu professor. Dedo em riste, apresentou-se o corajoso gozador.

Saíram ambos, mestre e discípulo, e se dirigiram para a sala do diretor. Lá chegando o professor tratou de tomar a dianteira.

_ O senhor, heim! Bastou eu me apresentar para desandar a rir como uma hiena! Qual o seu nome menino?

_ Bertiel Eustáquio.

_ Ora veja, fazendo troça por causa do meu nome e o seu também é deveras incomum.

_ Não ri do seu nome professor.

_ Não? Riu do que então? Disse meio sem jeito o professor Cleodézio.

_ Sua braguilha esta aberta.

_ Não querendo perder o rebolado, o eminente matemático rebateu na hora.

_ E daí, nunca viu um homem de braguilha aberta?

_ Já sim senhor, mas até hoje nenhum usava cueca rosa.