MARDITO CUSTÓDIO 


Inté parece que foi dia dêsse...
A idéia num deu que esquecesse,
Que eu te via toda regateira...
Dependurada naquela porteira!

Só pra me vê de longe passá...
E meu peito pulava de arregaçá
Quando me vêio a coragem
De te levá diante da imagem

Da Virgem Nossa Senhora
Pois eu via que já tava na hora
Da gente então se aninhá...
Pra modi num ficá sem casá!

E de cada doidice nossa...
De nóis dois rolano na roça...
Na emoção de arrebentá...
Nascia um rebento a berrá!

E ano depois de ano era um...
E eu me estufava pra quarqué um...
Chegava o chapéu a torcê...
Pro macho que eu era pro cê!

Só que o tempo mardito...
Fez seu roçado desdito...
Como se erva daninha fosse...
No meu lar que era um doce!

Um descarado se achegou um dia...
Carregou ocê e num pudia...
Prum lugá bem afastado...
Dizendo ser home abastado!

E ocê, prenda minha, não teve
Vergonha pois não se conteve
A querê bater perna no mundo...
Com o desinfeliz vagabundo!

Hoje,fico triste aqui, oiando...
Nossos fiinho boboiando...
Preguntando: Cadê a mainha?

E eu cum vontade de dizê...
Tua mãe foi buscá prazê...
E que saiu daqui de sainha...

Pudera, passei senti ódio...
Daquele mardito Custódio
Que te comprô cum dinheiro!

Mais uma coisa eu te digo:
O pió dos maió castigo...
Vai sê te vê num puteeeeiro !!!



Goiânia-GO, 20 de Abril de 2010.