Todos os  dias, à mesma hora,aquele elegante cavalheiro cinqüentão sentava-se naquele banco da pracinha daquele bairro.
Vinha sempre muito bem trajado – blazer, calças bem vincadas,um cravo na lapela –e ali ficava, um sorriso nos lábios um traço de saudade no olhar.
Intrigados,por verem há anos esse mesmo homem nesta mesma praça,os moradores do apartamento em frente,o interrogaram,delicadamente.
Queriam saber o  porque de tanta devoção,tantos anos,tantos dias...
_Ah, meus amigos,venho recordar meus dias de esperança e felicidade.Há quinze anos atrás,aqui,nesta mesma praça,neste mesmo banco,olhando essas mesmas flores e o mesmo jardim,eu,um rapazola romântico esperava a minha amada desconhecida,a mulher que escolhi para ser minha,ansioso para que ela aceitasse meu pedido de casamento e os meus votos de amor eterno.
As pessoas em volta emocionaram-se; algumas matronas enxugavam furtivas lágrimas no avental.
-Pobre homem! Agora só lhe restam as lembranças, pois,com certeza sua noiva ,já morreu não é?
Não ,soluçou o cavalheiro,infelizmente,não! Está lá em casa me infernizando a vida.
Triste e cabisbaixo,partiu.



Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 14/06/2010
Código do texto: T2319164
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