Aconteceu no Avião

Lá em Barbacena, Estado da Paraíba, Antônio vivia sua vida tranqüila sem querer saber de modernização, coisas de cidade grande, isso não interessava a ele. Mas como tudo na vida se modifica e nem sempre as coisas são como pensamos Antônio teve que rever seus conceitos e aderir a certas modernidades, como por exemplo, ir de avião conhecer o Rio pela primeira vez Na pacata cidade todo mundo estranhou a atitude do Antônio. O que o havia levado a lançar-se nessa aventura, justo ele que nunca havia saído de sua cidadezinha? Foi uma falação danada: - O Tonho tá ficando é doido! Onde já se viu se meter num lugar daquele onde não conhece ninguém! – Diziam. O que poucos não sabiam é que ele não tinha nada de doido o motivo pra ele fazer o que fez, movido pelo mais nobre dos sentimentos: AMOR.

Há 2 anos conheceu pela internet uma moça do Rio de Janeiro que o encantou e a qual nunca esqueceu. Este sentimento foi a cada dia crescendo e o ”Tonho Caipira” sentiu a necessidade de ver de perto a sua amada, tinha motivos suficientes para arriscar uma aventura, a conversa agora seria olho no olho e assim o fez, o coração apertado era hora de sair em busca do seu grande amor.

O grande dia chegou, nervoso, cheio de planos, pensando no que diria para sua amada quando a visse diante dos seus olhos, não teve dúvidas, arrumou as malas, foi ao encontro do seu destino partiu rumo à Cidade Maravilhosa com direito a “hotel de bacana” e guia turístico, não queria fazer feio nem ficar perdido na cidade maravilhosa. Só não contava que o nervosismo e a ansiedade fossem causar uma dor de barriga infernal justamente dentro do avião. O tempo fechou para o Tonho.

Não, não choveu, o tempo fora do avião estava lindo, perfeito pra o vôo. Mas a barriga do pobre Tonho começou a trovejar, dando sinais de que não iria ajudá-lo. Dirigiu-se ao banheiro a fim de se aliviar. Trancou-se no banheiro do avião tirou as calças na velocidade do pensamento de repente, sentiu um tremor e pensou:

- Vixe Maria, eita dor de barriga da gota, tão braba que fez tremer o avião!

De repente o Tonho ouve o comissário de bordo falar: - Senhores passageiros, pedimos a todos que permaneçam sentados em suas poltronas com seus cintos de segurança atados, estamos passando por uma área de forte turbulência.

Então tomou conta do Tonho um sentimento que era meio desespero e alívio:

- Valei-me minha Nossa Senhora, mas justo nessa hora essa geringonça tem que passar por uma turbulência? Não podia esperar eu acabar de cagar, não, miserável? Mas pelo menos não foi minha dor de barriga que fez o avião balançar, se cair não é culpa minha.

O avião sacolejava pra um lado, sacudia pro outro e o Tonho não conseguia se segurar, era jogado de um lado pra outro do minúsculo banheiro da aeronave e o desespero ía aumentando. O Tonho só pensava na sua amada: - Meu Deus, que humilhação morrer desse jeito com as calças na mão!

Depois de alguns minutos o avião estabilizou a dor de barriga também já havia passado, mas o drama era outro:

- Onde será que esse povo esconde o papel higiênico? Será possível que depois desse susto todo ainda vou ter que descer com a bunda suja ?! É muita vergonha pra um Paraíba só.

Depois de muito procurar encontrou o compartimento onde “se escondia” o papel higiênico. Na situação em que estava limparia até com um sabugo de milho, naquele tempo era feliz e não sabia.

Finalmente a hora tão esperada da aterrissagem, ía pisar no chão que acolhia a sua amada. Desce do avião cheio de expectativa, corre pra buscar sua bagagem e vai pra área do desembarque, olha pros lados e nada de encontrar o rapaz do traslado que iria levá-lo ao hotel. De repente eis que surge um mocinho magricela – que estava mais pra mocinha – de calça verde bem justa e camiseta baby look cor de rosa com uma plaquinha onde se lia “Antônio de Tal”.

Tudo na vida tem uma razão de ser, duas horas depois já instalado no hotel o amor da vida do Tonho chegou e o encontrou ainda amarelo com aparência abatida ela caiu nos seus braços não sabia do que havia se passado pouco antes, a coitada nem desconfiava o porquê da aparência abatida. Feliz, como nunca havia sido em toda a sua vida, esqueceu de tudo nos braços da mulher que seu coração escolheu e que o fez entrar pela primeira vez em um avião, diante da grandeza daquele momento até a dor de barriga no meio da turbulência pareceu quase nada. Valeu a pena cada momento balançando no avião procurando o papel higiênico.

Quando existe amor não há dificuldade, distância e tempo são facilmente vencidos pelo amor , ainda vai demorar para eles ficarem juntos de uma vez, no momento se revezam em idas e vindas para matarem a saudade que tanto os consomem. É assim o amor, quem disse que seria fácil?

Maria Mendes
Enviado por Maria Mendes em 28/06/2010
Reeditado em 30/06/2010
Código do texto: T2346928
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