TEATRO DA VIDA - F.Verissimo

TEATRO DA VIDA

Escrito por Fernando Veríssimo

Na nova era nada se cria e tudo mudou:

O rouge virou blush, o pó-de-arroz virou pó-compacto e o brilho virou gloss. O rimel virou máscara incolor, a Lycra virou streich, o corpete virou porta-seios, que por sua vez virou sutiã,, que virou lib e que virou silicone. A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento e o ferro virou escova, que virou chapinha. “Problemas de Moça” viraram TPM, crise de nervos, virou estresse, a chita virou viscose,a purpurina virou gliter e a brilhantina virou musse mais vê.... Ping-pong virou Babaloo, o a-la-carte virou self-service e a tristeza virou depressão. O espaguete virou Miojo pronto, a paquera virou pregação e a gafieira virou dança de salão. O que era praça virou shopping, o long=play virou CD, a fita de vídeo virou DVD, o CD já é MP3 e o álbum de fotos agora é mostrado por e-mail que por sua vez é Pasta de Arquivo. O namoro agora é virtual, a cantada virou torpedo, o samba virou pagode, O carnaval de rua virou Sapucaí e o folclore brasileiro, halloween. O fortificante não é mais Biotônico, folhetins são novelas de TV, Lobato virou Paulo Coelho e Caetano virou um chato. E a sociedade ficou incapaz de tudo, inclusive de notar as diferenças.

Iran Di Valencia
Enviado por Iran Di Valencia em 18/11/2010
Código do texto: T2622187